CMN debate sistema de meta da inflação nesta quinta

Grupo é formado pelos ministros Haddad, Simone Tebet, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto

Foto: Lula Marques/ABr

O mercado financeiro acompanha com muita atenção os desdobramentos da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) desta quinta-feira, 29, com a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda e da ministra Simone Tebet, do Planejamento. Antes do encontro, Campos Neto divulga o Relatório Trimestral de Inflação.

Para os analistas o aumento da meta de inflação, que chegou a ganhar força no governo Luiz Inácio Lula da Silva, não seria bem recebido pelos investidores. O CMN vai debater a meta de 2026 e a possibilidade de ser adotado um objetivo contínuo, modelo em que a autoridade monetária precisa perseguir determinado patamar de inflação sem estar vinculado a um ano-calendário, como acontece hoje. As indicações para 2024 (3,25%) e 2025 (3%) já foram fixadas, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O sistema de metas da inflação é regulado por um decreto presidencial de 1999, que foi alterado apenas em 2017. A decisão do Conselho precisa ser tomada até 30 de junho de cada ano sobre a meta de inflação que vai vigorar durante três anos.

REANCORAGEM

Um ponto de interesse do mercado é a preocupação do Comitê de Política Monetária (Copom), em sua ata da última reunião divulgada nesta semana. O Comitê entende necessária a reancoragem das expectativas de inflação para que os juros caiam. “Eu tenho defendido publicamente a questão da meta contínua e nós vamos discutir na reunião”, disse Haddad para quem a mudança para a meta contínua é um “aperfeiçoamento desejável”.

Haddad tem dito que a atual conjuntura abre a oportunidade da discussão. Campos Neto, no entanto, tem revelado um tom mais conservador na discussão. “O que a gente percebe é que as mudanças, quando são feitas para ganhar eficiência, esse ganho é atingido de forma mais fácil quando você está em um ambiente de calmaria e com a inflação dentro da meta. Quando está fora da meta e muda alguma coisa no sistema, pode, não sei se vai ser o caso, ter uma interpretação de que pode ter sido feito para ganhar flexibilidade, e isso historicamente tem um valor esperado negativo”, afirmou o presidente do BC.