Questionado sobre o documento conhecido como minuta do golpe, encontrado na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse, nesta quinta-feira, em Porto Alegre, que não existe golpe com respaldo jurídico. “Golpe é pé na porta, é arma na cara, meu Deus do céu. Golpe não é domingo, golpe você depõe alguém. Ninguém vai dar golpe com fundamento na Constituição, dá pra entender isso? Golpe se faz com fuzil, não com papel”, respondeu, na entrada da Transposul, feira de transporte e logística na sede da Fiergs, aberta oficialmente no início da tarde.
Em visita ao evento, Bolsonaro parou para falar com a imprensa por dois momentos. Sobre o julgamento do TSE que pode torná-lo inelegível por oito anos, ele disse esperar que tenha o mesmo tratamento dado à ex-presidente Dilma Houssef, que sofreu impeachment, mas teve os direitos políticos mantidos, em 2016.
“Na sustentação nós falamos em sermos julgados da mesma forma que a chapa Dilma/ Temer foi em 2017, ou seja, não admitindo agregar qualquer outra prova no processo. Lembramos aqui as palavras do ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE em 2017, onde ele disse que a justiça eleitoral não deve existir para cassar mandato de ninguém, muito menos de presidente da República. Entendo que eu não tenho mandato, logicamente, mas tirar os direitos políticos é uma violência contra a democracia”, declarou. Em outro momento, Bolsonaro complementou: “Não é justo eu falar sobre sistema eleitoral e perder direitos políticos, não é justo isso”.
O ex-presidente chegou à capital gaúcha no mesmo dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (STE) começou a analisar a ação. Interrompido no início da tarde, o julgamento vai ser retomado na próxima terça-feira.
Aos jornalistas, ele também defendeu medidas da gestão anterior. “Eu transformei o Brasil no segundo país mais digital do mundo. Criamos o PIX, a lei da liberdade econômica, apesar de um ano e meio de pandemia, guerra lá fora que influenciou os preços no mundo todo, negociei fertilizante com o (Vladimir) Putin, negociei diesel com o Putin”, afirmou, ele, citando o impacto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Por onde Bolsonaro passou, apoiadores o ovacionaram. Cerca de 300 pessoas acompanharam o ex-presidente por toda a feira, tiraram fotos e o chamaram de “mito”. Depois do evento, o ex-presidente se recolheu para descansar. À noite, janta a portas fechadas com empresários gaúchos.