O ex-presidente Jair Bolsonaro conversou com o blog do Nolasco, do portal R7, por telefone, na manhã desta segunda-feira, sobre o julgamento que vai enfrentar no Tribunal Superior Eleitoral a partir de quinta, 22.
O TSE vai analisar a ação que pode tornar Bolsonaro inelegível até 2030 por suposto abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O ex-presidente realizou uma reunião com embaixadores em julho do ano passado para tratar do processo eleitoral.
Jair Bolsonaro afirmou que, neste momento, acredita que vai ser alvo de um processo mais político do que jurídico. “Atualmente, está pintando um julgamento político. Atualmente, eu não sei até o dia 22, o que pode mudar. Agora você pode ver, o próprio relator [ministro Benedito Gonçalves], ele é uma pessoa que é parcial. Você vê as manifestações dele. Missão dada é missão cumprida. Isso aí atenta contra a lisura do tribunal. Não quero tomar o TSE por imparcial, agora é o que está parecendo no momento, né? É o que está parecendo, pode até não se confirmar, é um tribunal político”, disse.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de se tornar inelegível, o ex-presidente ponderou. “Eu não quero me comparar com a Dilma. A Dilma foi cassada, acho que foi em 2016, e foram mantidos os direitos políticos dela. Eu não sou cassado e me tiram os direitos políticos? Agora, qual o fato concreto [para se dizer] que eu teria atentado contra a democracia?”, questionou. “Me reunir com embaixadores? Olha, essa política externa é privativa minha [enquanto presidente da República]. O que não podia ter acontecido é, dois meses antes da reunião, o ministro Fachin [ex-presidente do TSE] ter se reunido com os mesmos embaixadores. Isso não podia ter acontecido”.
Contra a condenação, o ex-presidente ainda usa outro argumento: “A reunião com os embaixadores foi fora do período eleitoral. Não foi durante os 45 dias [de campanha]. O que o TSE tem a ver com isso?”.
Bolsonaro também falou sobre os documentos encontrados com ex-assessores próximos. Durante as investigações dos atos do dia 8 de janeiro, a Polícia Federal achou, na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, uma suposta minuta de golpe de Estado, além de instruções, nesse mesmo sentido, no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Sobre esses temas, o ex-presidente afirmou: “eu friso ainda, esses papéis que estão aparecendo, mostrem eles na íntegra. Eu critico a grande mídia. A imprensa tem que exigir esses papéis. Eu quero ver a minuta do Anderson Torres. Eu quero ver agora esse artigo 142, se fala até em Estado de sítio, tem que mostrar o que é Estado de sítio e mostrar o papel. E não é crime você discutir o 142 [artigo da Constituição]. Estado de sítio, defesa, intervenção federal, isso não é crime, tudo está previsto na Constituição. Agora isso até poderia ser crime se fosse algo anormal, depois da assinatura do presidente. Jamais um presidente golpista vai recorrer à Constituição para respaldar o golpe”.
O ex-presidente viaja, na quinta-feira, para Porto Alegre e vai acompanhar da capital gaúcha o julgamento que pode definir o destino político dele.