O desempenho positivo da indústria gaúcha e a confiança dos empresários mantida em patamares elevados na maior parte do ano passado trouxeram consequências positivas para o setor em 2022 no Estado. É o que aponta a pesquisa Investimentos na Indústria do RS 2022/2023, elaborada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), por meio da Unidade de Estudos Econômicos (UEE).
A proporção de empresas que investiram cresceu pelo segundo ano consecutivo, para 75%, 2,5 pontos percentuais acima de 2021 e 11,2 maiores do que 2020. O levantamento, porém, sinaliza um quadro desfavorável para os investimentos em 2023 – apenas 54% têm esta intenção, uma queda de 21 pontos – que, se confirmado, deve registrar a maior contração e o menor patamar da série histórica iniciada em 2010, além de 8,2 pontos percentuais a menos do que o recorde negativo, de 62,2%, em 2016.
Os investimentos previstos para 2023 têm como principal objetivo a melhoria do processo produtivo atual, com 46,2% das empresas dispostas a investir. O segundo é a manutenção da capacidade, por 22% daquelas que responderam a pesquisa. Os principais tipos de investimentos previstos são os mesmos dos realizados em 2022, com a compra de máquinas e equipamentos novos sendo novamente o principal, previsto por 76,9% das empresas. A manutenção ou atualização de máquinas ou equipamentos, com 58,2%, é o segundo mais apontado.
RESULTADO PERCENTUAL
“Com a confiança em baixa e muita incerteza econômica, a indústria gaúcha deverá ser cautelosa e esperar um cenário com melhores condições para efetivar os investimentos”, afirma o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
A pesquisa revelou que os 75% de 2022 foi o resultado percentual mais alto desde 2014, quando atingiu 77,3%. Confirmou, também pelo segundo ano, o percentual de empresas que indicavam intenção de investir no início de 2022 (74,7%). Apesar disso, reforça o presidente da FIERGS, somente 48,6% investiram como tinham planejado, o restante executou apenas parcialmente (41%), adiou ou cancelou os investimentos previstos.
Na avaliação dos empresários gaúchos, as incertezas da economia brasileira e o aumento dos custos dos insumos foram os maiores obstáculos aos investimentos em 2022, itens que receberam, respectivamente, 88,2% e 81,2% das respostas. Também foram entraves relevantes, as incertezas do contexto setorial ou do ramo de atuação, 77,3% das empresas, a expectativa de demanda insuficiente, 66,4%, e as dificuldades com a mão de obra, 62,5%.
COMPRAS
No ano passado, os recursos próprios foram a principal fonte de financiamento dos investimentos: 57% do total investido. A segunda fonte foram os bancos comerciais privados, com 14% do total, seguidos dos bancos oficiais de desenvolvimento, com 8%, e dos bancos comerciais públicos, com 4%. Investimentos que foram direcionados principalmente para a aquisição de máquinas ou equipamentos novos (82,8% das empresas que investiram), a manutenção ou atualização de máquinas ou equipamentos (74,2%) e o investimento nas instalações, como construção, manutenção, modernização ou aquisição (70,3%).
Em relação ao mercado-alvo, os investimentos para 2023 da indústria gaúcha serão principalmente para o interno: prioritariamente, para 34,5% (foi 37,3% em 2022) das empresas, e exclusivamente, para 28,7% (21,8% no ano passado). A pesquisa foi realizada de 2 a 13 de janeiro de 2023, com 180 empresas no Rio Grande do Sul, sendo 43 pequenas, 55 médias e 82 grandes.