Pela primeira vez em 57 anos Corsan vai ser comandada por uma mulher

Advogada Samanta Takimi tomou posse, nesta terça-feira, defendendo procedimento de desestatização

Samanta é funcionária de carreira da Corsan desde 2012 - Foto: Gustavo Mansur/Secom

A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) vai ser comandada, pela primeira vez em 57 anos de existência, por uma mulher. A advogada Samanta Takimi, que teve a indicação anunciada em 30 de maio, tomou posse, nesta terça-feira, como diretora-presidente, durante solenidade de transmissão de cargo que ocorreu no Palácio Piratini, em Porto Alegre.

O mandato deve se estender até janeiro de 2025, conforme o estatuto vigente. Porém, a partir do momento que o consórcio Aegea, que venceu o leilão de privatização, assumir o controle da Corsan, passa também a ter autonomia para compor um novo corpo diretivo se julgar necessário.

Samanta sucede Roberto Barbuti, que anunciou a saída do cargo no fim de maio. Durante o evento, ele agradeceu a oportunidade de liderar a Corsan e saudou a nova presidente.

Funcionária de carreira da companhia desde 2012, Samanta assumiu a Superintendência de Relações Institucionais em 2020. Dentre as principais atribuições, a interlocução com os municípios. No pronunciamento de posse, a nova diretora-presidente destacou o aspecto social do sistema de saneamento e defendeu a continuidade do processo de privatização da companhia, que está em curso.

“Com grande satisfação, eu assumo o desafio de seguir a transição rumo à universalização dos serviços e à finalização do procedimento de desestatização. O principal objetivo é acolher a população. Saneamento é mais que água e esgoto. É dignidade, elevar todos os índices possíveis. Os reflexos são sentidos na educação, na saúde, na forma como as pessoas se integram à sociedade. São muitos os benefícios do saneamento”, afirmou Samanta.

O governador reiterou os motivos que levaram a atual gestão a trabalhar pela desestatização da Corsan, como o cumprimento das metas do Novo Marco Legal do Saneamento. “Queremos reafirmar o caminho que nós demos para o saneamento no Rio Grande do Sul. A realidade do setor público, com tantas amarras criadas, gera uma série de constrangimentos e dificuldades para o ganho de eficiência de uma empresa do setor estratégico. Não podemos admitir que o Rio Grande do Sul conviva com indicadores ainda muito baixos de coleta de esgotos, completamente dissociados do nosso perfil socioeconômico”, reforçou.

Impasses judiciais ainda impedem que privatização seja consumada

Na sexta-feira passada, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos dos Rio Grande do Sul (Sindiágua), a direção da Corsan e o consórcio Aegea, que venceu o leilão para aquisição da companhia, fizeram um acordo na Câmara de Mediação do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região.

O acordo efetivo ainda precisa passar pelas assembleias das entidades de classe, previstas para o período entre 16 e 20 de junho. O impasse envolvendo a privatização da Corsan segue desde o ano passado, quando o governo do Estado anunciou a venda da companhia. O leilão da empresa ocorreu no fim de 2022, mas o contrato até agora não pode ser assinado em função das ações judiciais, uma delas referente à pendência trabalhista. Outro empecilho segue sendo uma análise realizada no Tribunal de Contas do Estado, ainda em andamento.