O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerra a participação dele na cúpula do G7, grupo dos países mais ricos do mundo, neste domingo, e ainda não decidiu se vai encontrar o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, para discutir sobre a guerra do país com a Rússia.
Zelensky já solicitou ao Ministério das Relações Exteriores uma reunião com Lula, mas não teve resposta. O ucraniano quer conversar com o brasileiro para tentar mudar a postura do chefe do Palácio do Planalto sobre o conflito. Desde o início do mandato, Lula assumiu uma posição de neutralidade sobre a guerra.
O presidente da Ucrânia já se encontrou com líderes de nações como França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Japão desde que chegou a Hiroshima para participar da cúpula. Também conversou com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, sobre a guerra.
Assim como o Brasil, a Índia evita apoiar sanções mais severas à Rússia pela invasão do território ucraniano. Esse posicionamento das duas nações deve-se à parceria com a Rússia no âmbito do Brics, grupo do qual também fazem parte África do Sul e China, e que visa a cooperação econômica e o desenvolvimento em conjunto dos países-membros.
Lula defende a formação de um grupo de países amigos com o objetivo de mediar a paz, mas Zelensky espera uma postura mais enfática do presidente brasileiro em relação à Rússia.
O presidente ucraniano quer mostrar ao brasileiro os “10 pontos para a paz” formulados por ele para cessar o conflito. Entre as propostas, Zelensky defende a aplicação da Carta das Nações Unidas, tratado assinado em 1945 que estabeleceu a organização. O texto estabelece que todos os membros da entidade evitem, em relações internacionais, a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial de outro país.
Zelensky também pede a retirada imediata das tropas russas e a cessação das hostilidades, bem como a prevenção da escalada militar por parte da Rússia. Outros pontos elaborados pelo presidente da Ucrânia envolvem: segurança radioativa e em relação a armas nucleares; segurança alimentar; segurança energética; libertação de prisioneiros e doentes; justiça; proteção ambiental contra o ecocídio; e a confirmação do fim da guerra.
Decisões do G7 sobre a guerra
A cúpula do G7 deve aprovar duas resoluções relacionadas à guerra: uma apenas dos países que compõem o grupo (Japão, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido) e outra que envolve os países convidados para o evento. Nos bastidores, a diplomacia brasileira trabalha para que o segundo texto não preveja uma medida mais enfática contra a Rússia.
Uma das solicitações brasileiras deve ser a negociação de uma linguagem que seja compatível com a posição de todos os países envolvidos na cúpula, com neutralidade e ênfase na segurança alimentar, impactada pelo conflito no Leste Europeu.
No último dia de agenda oficial na cúpula do G7, Lula teve ao menos seis reuniões confirmadas, até o momento, com empresários e chefes de governo. Além disso, vai participar de uma visita ao Parque Memorial da Paz e da sessão conjunta “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”.
Confira a agenda completa do presidente Lula para o domingo. Os horários são do Japão, 12 horas à frente do de Brasília:
• 8h30min: Visita dos chefes de delegação dos países convidados e das organizações internacionais, com respectivos cônjuges, ao Parque Memorial da Paz de Hiroshima;
• 9h50min: Encontro com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau;
• 10h40min: Encontro com o primeiro-ministro da República da Índia, Narendra Modi;
• 11h45min: Sessão de trabalho do G7 mais países convidados: “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”;
• 14h30min: Encontro com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres;
• 15h15min: Encontro com o primeiro-ministro da República Socialista do Vietnã, Pham Minh Chinh;
• 16h15min: Encontro com o presidente da União das Comores, Azali Assoumani;
• 17h: Reunião com banco de financiamento e conglomerados empresariais japoneses.