Endividamento das famílias gaúchas tem recuo em abril, aponta Fecomércio-RS

Dados apontam que entre as famílias, 25,1% se consideram “muito endividados”

Crédito: Freepik

O volume de famílias endividadas no Rio Grande do Sul registrou 91,9% em abril de 2023, abaixo dos 93,1% verificados em março, e 4,6 pontos percentuais abaixo de abril de 2022 (96,5%). Entre as famílias, 25,1% se consideram “muito endividados”, percentual que era 23,5% em abril de 2022. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores gaúchos (PEIC-RS), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e divulgada pela Fecomércio-RS.

O maior peso do endividamento no orçamento das famílias está na parcela da renda comprometida com dívidas, que apesar de estável nos últimos meses (27,4% em abril de 2023), fica bem acima dos 20,1% registrados um ano atrás. O percentual de famílias com contas em atraso recuou na passagem do mês ao passar de 41,4% em março de 2023 para 40,5% em abril de 2023.

Apesar do alívio, o patamar do indicador – acima do mesmo período do ano anterior (36,5% em abril de 2023) segue indicando a persistência das dificuldades das famílias manterem as contas em dia, sobretudo para famílias com renda menor. O indicador para as famílias que ganham até 10 salários mínimos (SM) mensal está em 47,0% (47,9% em março de 2023 e 44,8% em abril de 2022), enquanto para famílias que ganham mais que 10 salários mínimos esse percentual está em 14,2% (15,1% em mar/23 e 8,3% em abril de 2022).

CONTAS ATRASADAS

Apesar das dificuldades de um cenário em que, além da pressão pelo contexto inflacionário, os juros altos tornam as dívidas mais caras de forma rápida e tomam maior espaço na renda, alguns indicadores da PEIC-RS seguem indicando o empenho das famílias em pagar as contas atrasadas. Além da queda no tempo médio com o pagamento atrasado para 34,5 dias, tanto comparado com o mês anterior (35,6 dias em março de 2023) quanto em relação a abril de 2022 (39,6 dias), o percentual de famílias em situação de persistência da inadimplência está na mínima histórica (1,7%), percentual que no mesmo período de 2022 já era baixo, de 2,4%.

Entre os que tem conta atrasada, 58,7% indicaram que conseguirão pagar a totalidade das contas atrasadas nos próximos 30 dias, percentual que era de 44,6% em abril de 2022.

“O cenário do crédito diante de juros altos e patamares elevados de inadimplência segue prescrevendo cautela. Com maior risco de não haver pagamento, a oferta de crédito fica mais restritiva e seletiva. Diante disso, se esforçar para pagar contas que atrasam e não perder o controle das dívidas é a forma das famílias buscarem não perder seu acesso ao crédito – que muito provavelmente tem dado suporte a despesas correntes que não encontram espaço em orçamentos apertados”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.