Redução no preço dos combustíveis pode desacelerar IPCA de maio e junho

Economista da FGV Ibre projeta queda no indicador de maio e de junho

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A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve desacelerar para algo próximo dos 0,25% em maio e de 0,15% em junho. A projeção é do economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) com base nos possíveis efeitos da redução nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. A queda do gás de cozinha, que compromete 1,3% do orçamento familiar, pode chegar ao consumidor na forma de uma redução de 15%.

A partir desta quarta-feira, 17, a gasolina e o diesel ficam mais baratos para as distribuidoras. Para a gasolina A (sem misturas), a redução é de R$ 0,40 por litro. Com a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol para a composição da gasolina comercializada nos postos, o preço médio ao consumidor pode sair de R$ 5,49 para R$ 5,20 por litro. Já para o diesel, a redução é de R$ 0,44 por litro para as distribuidoras.

“Vai ser uma baita contribuição para segurar a inflação nesses dois meses. Agora, em julho, a gente não pode esquecer que tem novo aumento da gasolina pelo nivelamento do ICMS. O ICMS vai ter reajuste nos estados, vai subir. Isso não altera muito a expectativa de inflação para o final do ano. É um jogo de soma zero. Ela cai agora e volta a subir em julho”, acrescenta Braz.

IMPACTO NO INDICADOR

O economista da FGV Ibre segue com a projeção de IPCA perto de 6,2% no acumulado de 12 meses até dezembro de 2023. Conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até abril o índice marcou 4,18% nesse recorte. “Isso significa que o IPCA dos próximos 30 dias vai ser impactado em cerca de 0,17 ponto percentual. Metade disso ficaria no mês de maio e metade em junho. Então, esse impacto não vai ser totalmente sentido neste mês”, comenta.

No caso da gasolina, que compromete aproximadamente 5% do orçamento familiar, a queda para o consumidor pode chegar a 8%, segundo Braz. Isso geraria um impacto no IPCA de baixa de 0,40 ponto percentual: 0,20 no mês de maio e 0,20 em junho. O diesel, por sua vez, tem um peso pequeno no orçamento das famílias, de 0,3%, diz o economista, mas influencia os preços do frete, do transporte público e das máquinas no campo.

Segundo Braz, se juntar a contribuição do GLP de 0,08 ponto percentual em maio e 0,08 em junho, com o impacto da gasolina, de 0,20 ponto percentual em cada mês, a desaceleração da inflação pode chegar a 0,30 ponto percentual em cada mês.