O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias deixou a Polícia Federal após prestar depoimento de quase cinco horas, nesta sexta-feira, sobre a presença dele no Palácio do Planalto em 8 de janeiro, quando extremistas depredaram o prédio.
Dias chegou à PF por volta das 8h45min e deixou o prédio, na Asa Norte de Brasília, às 13h35min. O ex-ministro do GSI não falou com a imprensa. O advogado dele também saiu sem dar declarações.
Gravações de câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostraram o ex-ministro andando entre os invasores sem demonstrar reação. As imagens também sugerem que servidores do GSI à época podem ter facilitado as ações de vandalismo. Em alguns vídeos, agentes aparecem dando água aos invasores.
Com a divulgação dos vídeos, o ex-ministro pediu exoneração. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nessa quinta-feira que o ex-ministro “saiu por conta própria”.
Moraes mandou Polícia Federal interrogar Dias
O depoimento de Dias à Polícia Federal atende uma ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável por uma série de inquéritos na Corte sobre os crimes cometidos no 8 de Janeiro. Na quinta-feira, Moraes deu 48 horas à Polícia Federal para interrogar o ex-ministro.
Segundo Moraes, as imagens em que Dias e servidores do GSI interagem com os invasores revelaram “a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI”.
Além disso, Moraes determinou ao novo chefe interino do GSI, Ricardo Cappelli, que informe em até 24 horas os nomes de todos os servidores civis e militares que aparecem nas imagens e quais providências foram tomadas pela pasta contra eles. Na quinta-feira, Cappelli enviou o documento ao STF, mas os dados seguem sob sigilo. O ministro ainda mandou a PF esclarecer se analisou todas as câmeras de segurança que captaram os atos de vandalismo de 8 de janeiro.