O União Brasil vai ter cinco dias para se manifestar no processo que trata do pedido de desfiliação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e de cinco deputados federais do Rio de Janeiro. A debandada teve como pano de fundo a reação interna ao apoio desses parlamentares ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A ministra e os parlamentares entraram com um pedido de desfiliação partidária no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na quinta-feira passada. O processo começou a tramitar no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski, que abriu prazo para o União Brasil enviar uma resposta ao TSE em cinco dias.
A defesa dos parlamentares elencou no pedido ao TSE uma série de situações que pretendem provar assédio político por parte da direção nacional.
Uma delas é o bloqueio da senha de acesso ao Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias (SGIP3). “Inexcusável obstrução política, levada à efeito de forma despótica, sem prévia justificativa, consulta ou mesmo permitir algum meio de defesa”, menciona um trecho do processo.
Outro argumento dos parlamentares é o de que o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, interviu no comando da Comissão Executiva Municipal do Rio de Janeiro. Bivar entregou o comando da comissão ao deputado estadual Márcio Canella, o que, segundo os parlamentares, se tratou de uma “canetada”.
Constrangimento político
Os deputados dizem ainda que foram convidados, um a um, para conversas em que foram insultados e ameaçados com frases como “tomara que saia do partido”, “ninguém presta”, “prefiro começar o partido do zero no Rio”, “vou expulsar [fulano]“.
Em situações diferentes, os parlamentares também garantem ter sido constrangidos com declarações por parte da direção nacional como “vamos acabar com [fulano]“, “vamos expulsar [sicrano]” e “vamos suspender para ficarem à mingua”.
Além de Daniela Carneiro, querem deixar o partido os deputados Chiquinho Brazão, Juninho do Pneu, Marcos Soares, Ricardo Abrão e Dani Cunha. Os parlamentares compõem a bancada do Rio de Janeiro na Câmara.
A reportagem do R7 procurou a direção do União Brasil e aguarda um posicionamento da sigla.
Pano de fundo
Daniela Carneiro é esposa do prefeito de Belford Roxo (RJ) e ex-presidente estadual do União Brasil, Waguinho Carneiro. Waguinho apoiou o presidente Lula após declinar de uma aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Por isso, sofreu retaliação da sigla. A indicação de Daniela para ocupar uma das três vagas do União Brasil na Esplanada dos Ministérios também criou instabilidade no partido.
Waguinho também pediu desfiliação do União. Como é do Executivo, ele pode deixar o partido sem risco de punição. Fontes do R7 afirmaram que os deputados entraram na Justiça Eleitoral justamente para tentar fugir de penalidades, que podem incluir a perda do mandato.
O prefeito se filiou ao Republicanos, nesta segunda-feira, e tomou posse como presidente do diretório estadual do partido.