O quarto e último dia do julgamento dos réus acusados de agredirem três jovens judeus, em maio de 2005, em frente a um bar no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, começou na manhã desta sexta-feira. A sessão é dedicada aos debates orais entre acusação, pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), e defesa, por meio dos advogados do trio.
O júri, presidido pela juíza Lourdes Helena Pacheco da Silva, titular do 2º Juizado da 2ª Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre, ocorre no plenário de grandes júris da capital, no 2º andar do Foro Central I. No fim da tarde dessa quinta-feira, ocorreu o interrogatório de dois dos réus. Ambos sustentaram que eram inocentes. O terceiro não quis depor.
Na manhã desta sexta, o promotor de Justiça Luiz Eduardo Azevedo deu início à explanação do MPRS, com a tese da acusação sobre o que ocorreu naquela noite. Para ele, os álibis apresentados pelos réus, para justificar que não estiveram no local, “são fracos”, por não terem vindo acompanhados de prova.
Já o advogado Victor Luiz Barcellos Lima, pela assistência da acusação, falou sobre o valor da vida humana e citou o depoimento de uma testemunha que disse “nada faria eles pararem”, ao se referir sobre as agressões. Em seguida, a promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari apresentou as provas, consideradas pelo MPRS como “cruciais para a condenação”.
Os três acusados respondem pelo crime de tentativa de homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa dos ofendidos), associação criminosa e crime de discriminação ou preconceito racial.
Segundo a acusação do MPRS, três jovens judeus se reuniam na esquina das ruas Lima e Silva e República, bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, na madrugada do dia 8 de maio de 2005, quando foram atacados por um grupo de skinheads, de ideologia neonazista, que saiu de dentro do bar.
As vítimas foram reconhecidas pelo quipá, um pequeno chapéu usado pelos judeus, em forma de circunferência.
Uma das vítimas sofreu golpes de arma branca, socos e pontapés. O MP sustenta que o caso só não evoluiu para morte porque testemunhas impediram e chamaram o atendimento médico. As outras duas vítimas, também atacadas, conseguiram fugir e buscar abrigo.