Defasagem do IPE Saúde vai resultar em “precarização do atendimento”, alerta presidente do Simers

Órgão estadual, com dívidas de R$ 250 milhões, não reajusta honorários desde 2011, mas prometeu resolução até esta sexta

Foto: Guilherme Almeida/CP

O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcos Rovinski, vê com preocupação a falta de uma solução para a defasagem da tabela de honorários adotada pelo IPE Saúde, sem reajustes desde 2011. Embora Rovinski reconheça que vem havendo diálogo entre as entidades médicas e o atual presidente do órgão, Bruno Jatene, assim como os anteriores, o prazo prometido pelo governo estadual à entidade para uma decisão definitiva se encerra nesta sexta, sem qualquer sinal de que vá ser cumprido.

“Estamos trabalhando com a possibilidade de precarização do atendimento que vai impactar toda a população”, adverte. Para Rovinski, é preciso resolver o impasse. “Muitos descredenciamentos ou pedidos de licença de médicos vêm acontecendo. A ação dos médicos vai ser definida em assembleia a partir da resposta do governo. Sabemos que isso não vem de agora, mas é esta gestão estadual que precisa de fato resolver”, reitera.

Além dos valores congelados pelo órgão estadual, a dívida do IPE Saúde, que atende cerca de 1 milhão de gaúchos e conta com cerca de 7 mil profissionais credenciados, ou 20% do total de médicos no RS, é de R$ 250 milhões, especialmente no pagamento de internações e procedimentos de ambulatório. Rovinski utiliza exemplos cotidianos para abranger a questão: segundo ele, um médico recebe R$ 18 líquidos por dia para atender a um paciente internado em hospital, o que “muitas vezes, não dá conta do ticket do estacionamento do hospital”.

“Já um cirurgião auxiliar recebe em torno de R$ 48 líquidos em caso de uma cirurgia de hérnia, o que não paga nem uma entrada de cinema com saco de pipoca”, compara. Havendo ou não solução governamental até esta sexta, Rovinski argumenta que o Simers mantém, para a segunda-feira, a previsão de uma Assembleia Geral Extraordinária, aberta no começo de março para discutir o impasse.

Entre os profissionais que já haviam desembarcado do IPE Saúde, antes da retomada das negociações, médicos anestesistas e cirurgiões cardíacos, esses últimos por meio da criação de uma cooperativa, relata o presidente do Simers. Mais recentemente, entraram em processo de descredenciamento os médicos hemodinamicistas, que fazem procedimentos minimamente invasivos, mas a lista só cresce, com a possibilidade de que cirurgiões vasculares e ortopedistas também se descredenciem.