A Brigada Militar em Viamão, na região Metropolitana, cumpriu, nesta quarta-feira, um mandado de prisão expedido contra André Àvila Fonseca, suspeito de ter cometido um feminicídio, no fim de semana, no bairro Lami. Policiais do 18° BPM já vinham monitorando o homem, que havia fugido por um matagal, aos fundos da residência, após o crime. Ávila, que havia “criado uma religião”, fazia serviços relacionados à feitiçaria e tinha em casa imagens semelhantes às do satanismo.
O homem é suspeito de ter matado a paraense Laila Vitória Rocha Oliveira, ex-companheira dele, com um golpe de espada. De acordo com os indícios colhidos pela Polícia Civil, com a vítima ainda viva, o autor do crime ateou fogo ao corpo utilizando a lareira, em uma suposta tentativa de se livrar do cadáver. Responsável pelo caso, a delegada Cristiane Ramos, titular da 1ª Delegacia Especializada de Proteção à Mulher de Porto Alegre, descarta, no entanto, motivação religiosa.
“Não temos absolutamente nada que leve a qualquer relação ritualística ou qualquer simbolismo dessa religião que ele mesmo criou. Ele criou uma religião, com estátuas de uma divindade, nomeou essa religião. Através disso, ganhou seguidores e vende coisas na internet, vende as suas estátuas, enfim, mas não há nenhum simbolismo, nem no local lá do crime, no sentido de que a morte tenha sido causada por qualquer coisa relacionada a rituais”.
Desde janeiro, Ávila era monitorado com tornozeleira eletrônica por conta de uma tentativa de homicídio triplo ocorrida em 2007, cuja decisão judicial saiu somente neste ano. Instantes após o crime, as autoridades perderam o sinal do equipamento. Conforme testemunhas, ele fazia uso excessivo de bebida alcoólica e medicações controladas, além de ter um histórico de agressividade.
Na noite de segunda-feira, a defesa dele emitiu uma nota negando que o homem tenha cometido cárcere privado ou crime com motivação religiosa. O advogado Jean Maicon Kruse também disse estar em contato com as autoridades para negociar uma apresentação espontânea – o que não ocorreu -, e sugeriu que a tese da defesa vai ser a de que houve “ação e reação”.
A reportagem tentou contato com a defesa, mais uma vez, após o mandado de prisão, mas ainda não teve resposta.