Mãe da menina carregada pelo pai na invasão do Beira-Rio diz que ficou apavorada com as imagens

Delegada da 2º DP de Proteção a Criança e Adolescente contou à imprensa em entrevista coletiva o relato da esposa do torcedor

Na manhã desta terça-feira, uma coletiva de imprensa foi realizada no Palácio da Polícia | Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP

A Polícia Civil detalhou, nesta terça-feira a investigação dos fatos após o jogo entre Inter x Caxias, no último domingo, no estádio Beira-Rio. No momento, dois inquéritos estão sendo instaurados contra o torcedor de 33 anos que invadiu o gramado com a filha, mas, após a conclusão desses trabalhos, mais torcedores podem ser identificados e denunciados.

Ouvido em depoimento na tarde de segunda-feira, o torcedor reconheceu, nos vídeos mostrados, que praticou as condutas e alegou ter invadido o campo por medo para proteger a si mesmo e a filha, conforme o delegado Vinícius Nahan, da 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre (2ªDP), responsável pela investigação da invasão ao campo. A punição pode chegar a dois anos de reclusão, conforme o Estatuto do Torcedor.

Pela agressão ao cinegrafista Gabriel Bolfoni, o homem será enquadrado por lesão corporal leve, artigo 129 do código penal, cuja pena pode chegar a 1 ano de detenção. O jogador Dudu Mandai, do Caxias, igualmente agredido, ainda não ofereceu denúncia, mas tem prazo legal de seis meses para apresentar a queixa, conforme Nahan.

Já a 2ª Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, representada na entrevista coletiva pela delegada substituta Elisa Ferreira de Souza, aguarda o resultado das perícias psíquicas e físicas na menina para concluir o inquérito. Nesse caso, o torcedor vai responder pelo artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente, por ter submetido a filha a vexame e constrangimento.

De acordo com a delegada Elisa, todo o contexto familiar vai ser analisado na investigação. “Com certeza, tudo isso faz parte da proteção que é o nosso foco, proteção da criança e do adolescente vítima de alguma violência. Então será analisado o contexto familiar, a participação da mãe, como é o pai na relação com essa filha. Tudo isso é levado em conta durante o inquérito, então será feita toda essa avaliação.”

A mãe da menina, intimada, na condição de testemunha, para depor, declarou nessa segunda-feira que viu os fatos pela TV e ficou apavorada, revelou a delegada. “Ela viu, estava assistindo o jogo e imediatamente ligou para o pai porque disse, nas palavras dela, que ficou apavorada, então o pai não atendeu. Mas, em seguida, pouco tempo depois, ele atendeu e disse que estava tudo bem.”

Futuro

O chefe de polícia civil, Delegado Fernando Sodré, foi questionado pela Rádio Guaíba a respeito das medidas para evitar futuras invasões e confusões nos estádios. A preocupação é constante, segundo ele. “Temos também uma interlocução permanente com os clubes no sentido de tomar medidas para evitar invasões, evitar violência e agressões. Mas é um trabalho permanente porque temos escrúpulos que infelizmente insistem em ter atuações mais violentas e até irracionais no que tange a questão do futebol.”