Banco dos Brics: Dilma deve ser empossada presidente durante viagem de Lula à China

Ex-presidente vai passar a morar em Xangai

Foto: Reprodução / Youtube

Sete anos depois de ter sido afastada do Planalto em decorrência de crimes de responsabilidade, Dilma Rousseff vai voltar a ocupar um cargo público. A petista deve ser eleita, nesta sexta-feira, presidente do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), instituição financeira criada em 2014 pelos Brics – o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em seguida, Dilma toma posse no cargo no dia 29, durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O conselho de governadores do banco, formado pelos ministros da Fazenda dos países fundadores do NDB, mais os representantes dos quatro novos integrantes (Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai), se reúne por videoconferência e vota a indicação de Dilma em reunião interna. Autoridades estrangeiras sabatinaram Dilma ao longo deste mês, depois que o NDB comunicou o início da troca de comando.

A ex-presidente – que teve o impeachment aprovado pela Câmara e pelo Senado em um processo legal tendo como justificativa crime de responsabilidade pela prática das chamadas “pedaladas fiscais” (atrasos de pagamentos a bancos públicos) e pela edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Congresso – é candidata única, escolhida por Lula, e fica no cargo para completar o mandato brasileiro, até julho de 2025.

Criado após reunião de cúpula dos chefes de Estado, realizada em Fortaleza, em 2014, durante o mandato de Dilma como presidente, o banco dos Brics busca, entre outros objetivos, ampliar fontes de empréstimos e fazer um contraponto ao sistema financeiro e instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Atualmente, a carteira de investimentos é da ordem de US$ 33 bilhões.

A sede do banco fica em um prédio em Xangai, inaugurado em 2021, onde Dilma vai passar a morar e a despachar. A cidade é um centro financeiro global. A ex-presidente vai trabalhar em um gabinete com vista para a metrópole, maior cidade chinesa, e passar a receber remuneração semelhante ao patamar de outros bancos multilaterais, conforme executivos da instituição.

O NDB não respondeu a um pedido da reportagem do Estadão sobre o valor do salário e benefícios pagos mensalmente a quem exerce a presidência do banco. O último relatório publicado não revela a remuneração, mas indica que o presidente e os cinco vice-presidentes receberam ao longo de um ano US$ 4 milhões.

O banco oferece aos empregados uma série de benefícios, como assistência médica, educacional para filhos, auxílio-viagem para o país de origem, subsídios para mudança em caso de contratação e desligamento, e transporte aéreo. Em Xangai, o salário mínimo-base de um cargo de chefia é de US$ 188 mil por ano.

Dilma vai suceder o diplomata e economista Marcos Troyjo, ex-integrante da equipe do ex-ministro da Economia Paulo Guedes e primeiro brasileiro a comandar o NDB, tendo recebido a presidência de um indiano. O mandato é rotativo.

A saída de Troyjo ocorreu de comum acordo com o governo Lula. Nos bastidores, ficou evidenciada a divergência de visões sobre os objetivos do Brics e de posição política.

Durante mandato de Troyjo, o banco ampliou os financiamentos para o Brasil, que até então era um dos menos contemplados nos primeiros anos de funcionamento, inaugurou escritórios em São Paulo e na Índia e deu início a um processo de expansão, com a entrada de mais quatro países

Os financiamentos atendem, sobretudo, projetos de infraestrutura e sustentabilidade.

*Com informações da Agência Estado (AE)