“O senhor tem decência?”, pergunta Moro a Lula em vídeo após declarações do presidente

Senador repudiou falas do petista, que chamou de 'armação' descoberta de que era alvo de ameaças do crime organizado

Foto: ROQUE DE SÁ / AGÊNCIA SENADO

O senador e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União-PR) repudiou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as ameaças pelo crime organizado a ele e à família, nesta quinta-feira. “O senhor tem decência?”, perguntou Moro a Lula após as falas do presidente.

“Se o presidente não tem nenhum apreço a mim, à vida humana, peço pelo menos que respeite minha família e o trabalho que a Polícia Federal está realizando”, declarou Moro.

Nesta quinta-feira, o presidente comentou, sem provas, que o plano descoberto pela PF, que tinha como alvo o ex-juiz e a família dele, entre outras autoridades, é uma “armação”. “É visível que é mais uma armação, mas isso a gente vai esperar, não vou atacar ninguém sem ter provas”, disse o petista ao ser questionado sobre se vinha ou não acompanhando os desdobramentos da operação.

Operação

Na última quarta-feira, a PF cumpriu 11 mandados de prisão contra suspeitos de planejar os ataques. Durante as apurações, os agentes identificaram que um olheiro, ligado à facção criminosa PCC, vinha fazendo campana em frente à casa do senador, em Curitiba. As investigações mostraram que os suspeitos pretendiam realizar os ataques de forma simultânea.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou a operação. Ele afirmou que as investigações começaram há cerca de 45 dias, depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), informou sobre a possibilidade de ataques.

“Especificamente em relação ao senador Moro, chamou a atenção, e foi determinante para a PF, o fato de já haver atos de montagem de estruturas para perpetração de crimes no Paraná. Isso que levou parte da investigação a tramitar no Paraná”, destacou o ministro.

Declaração de Lula

Um dia antes da operação, Lula admitiu, em entrevista, que pensou em vingança contra Moro ao relembrar dos meses em que esteve preso. “De vez em quando ia um procurador, de sábado ou de semana, para visitar, ver se estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores, e perguntavam ‘tá tudo bem?’, e [eu respondia] ‘não tá tudo bem, só vai estar bem quando eu f… esse Moro’”, disse.

Em resposta ao presidente, Moro acrescentou, no vídeo de hoje: “Tem que fazer uma reflexão séria: se quer transformar o governo em um ato de vingança contra mim e à população brasileira ou se vai governar pelo bem do país”.