O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta quarta-feira que o governo vai enviar quantos membros da Força Nacional forem necessários para controlar a situação no Rio Grande do Norte, após uma série de ataques criminosos a prédios públicos, comércios e veículos, desde o início da semana. “Nós já tivemos a transferência de alguns líderes de facção. Mas se continuar esse clima de conflagração nós vamos aumentar o efetivo, podendo chegar a 300, 400, 500, na medida que isso seja necessário”, declarou Dino, em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília, logo após o relançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).
Nos últimos dias, o Rio Grande do Norte se tornou alvo de ataques violentos orquestrados por uma organização criminosa que, supostamente, protesta contra as condições dos presos no sistema penitenciário. Segundo o ministro, foram destinados imediatamente 220 policiais da Força Nacional e da Força Penitenciária para conter os ataques e reforçar a segurança.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou a transferência do preso acusado de liderar a facção criminosa responsável pelos ataques, da penitenciária de Alcaçuz para um presídio federal. “Nós temos realizado ações pra descapitalizar essas facções. Vocês devem ter acompanhado uma grande operação realizada pela Polícia Federal que se dirigia exatamente a descapitalização dessas facções, porque essa é a forma pela qual nós vamos vencê-las, retirando recursos”, completou Dino.
MP apura se ordens de ataques no RN foram repassadas por advogados de facção
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, as autoridades do Rio Grande do Norte abriram investigação para apurar se as ordens dos ataques partiram de líderes da facção Sindicato do Crime e foram transmitidas pelos advogados da organização.
O preso transferido, José Kemps Pereira de Araújo, é considerado fundador do Sindicato do crime, que comanda as cadeias potiguares. Preso em janeiro pela Polícia Federal em Pernambuco, Araújo responde a pelo menos 20 processos envolvendo homicídios, organização criminosa, tráfico de drogas e porte ilegal de arma. Segundo o Estadão apurou com fontes envolvidas na investigação, a hipótese é de que ele possa ter usado o trânsito dos advogados para passar recados para os crimes na rua.
Os “gravatas”, como são conhecidos os defensores constituídos pelos presos dentro do grupo criminoso, são os responsáveis por manter a comunicação alinhada entre as lideranças presas, as que foram postas em liberdade e os chamados “operários” na estrutura da organização criminosa, conforme investigação do Ministério Público do Rio Grande do Norte.
Antes de ser transferido, José Kemps Pereira de Araújo cumpria sentença em uma cela isolada dos demais presos, sem contato com os policiais penais e sem energia elétrica. As suspeitas relativas ao ordenamento dos ataques recaem, segundo fontes ouvidas pelo Estadão, aos advogados e também familiares que mantiveram contato com o preso.