O Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) confirmou o primeiro caso de influenza aviária em plantel comercial de aves. A doença surgiu em uma granja localizada no município de Mainque, pertencente à província de Rio Negro, ao Sul do país. A ocorrência levou à suspensão temporária das exportações de carne e de derivados de frango do país, não mais considerado livre da doença pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Pelo menos, até que sejam concluídos os protocolos sanitários necessários para debelar o foco, o que deve levar, no mínimo, 28 dias segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
Até às 20h desta quarta-feira, o país vizinho tinha 186 notificações em análise no Laboratório do Senasa, com patogenicidade positiva para 26 delas, sendo uma em ave comercial, três em silvestres e 21 em animais de fundo de quintal. As ocorrências seguiam concentradas nas províncias de Córdoba (13), Buenos Aires (5), Río Negro (2), Santa Fé (2), Jujuy (1), Neuquén (1), San Luis (1) e Salta (1).
O caso alerta o setor produtivo e as autoridades sanitárias do Rio Grande do Sul. “A granja é boa e tinha boa biosseguridade, mas, provavelmente, houve uma falha. A situação serve para aumentar nosso alerta”, considera Santin, para quem o risco mantém-se o mesmo, já que a doença havia sido anteriormente identificada em aves silvestres próximas a Rio Negro. “Temos protocolos muito elevados, mas precisamos sempre ter muita atenção a todos os cuidados e aos processos de desinfecção”, lembra.
A Secretaria da Agricultura (Seapi) também intensificou as atividades de fiscalização mediante o crescimento das ocorrências do vírus de alta patogenicidade na Argentina. A diretora do Departamento de Defesa Agropecuária (DDA), Rosane Collares, pontua que, embora a vigilância sanitária estadual das regiões fronteiriças seja bastante atuante na fiscalização de bovinos, está atenta às aves. “Os focos estão descendo para o Sul, estando mais próximos do Uruguai que do RS. Mas existe bastante trânsito onde o Programa Sentinela atua muito forte”, esclarece.
Rosane assegura que a Seapi está atenta também à avicultura de subsistência, já que a industrial é altamente profissionalizada. “Trabalhamos em conjunto com as associações, já que a avicultura comercial é muito organizada. Nosso foco é despertar no criador não comercial a atenção aos sinais clínicos da influenza para comunicar à inspetoria veterinária”, aponta.
Além do Rio Grande do Sul, a Argentina divide fronteira com Santa Catarina e Paraná. Juntos, os três estados respondem por 64% da produção avícola nacional.