O Rio Grande do Sul tem um percentual de 92,2% das famílias endividadas. É o que mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores Gaúchos (PEIC-RS), da Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços Turismo (CNC), e divulgada pela Fecomércio-RS, ao apontar que em novembro do ano passado esse percentual era de 91,8% e de 88,7% em dezembro do ano de 2021. A edição do final do ano passado encerra o ano de 2022 com um quadro que aponta para um nível bastante elevado de endividamento das famílias, com aumento expressivo na comparação anual do percentual de famílias com contas em atraso.
Ao observar o percentual de contas em atraso, o indicador passou de 32,3% em dezembro de 2021 para 42,5% em dezembro passado. Tanto o movimento altista quanto o elevado nível refletem em grande medida o indicador para as famílias com renda até 10 salários mínimos, em que o percentual de contas em atraso saltou de 32,3% em dezembro de 2021 para 42,5% em dez/22.
Apesar da diferença interanual, os dados mensais mostram alívio no percentual de famílias com contas atrasadas após ter atingido o pico em julho de 2022, quando registrou 49,7% no grupo de renda menor que 10 salários mínimos (40,6% no indicador geral). Desde então, a descompressão no indicador, que fica clara para o grupo de famílias com até 10 salários mínimos, tem na retomada do mercado de trabalho e nos estímulos fiscais adicionais durante o segundo semestre (além da redução pontual da inflação) aspectos que contaram positivamente para essa trajetória.
TEMPO MÉDIO
No que diz respeito aos baixos percentuais de famílias em situação de persistência de inadimplência (2,2% em dezembro passado e 2,4% no mesmo mês de 2021), outro indicador da PEIC também sinaliza o grande esforço para não perder totalmente o controle das contas atrasadas. O tempo médio com pagamento em atraso se manteve comportado ao longo de 2022, passando de 41,5 dias em dezembro de 21 para 38,9 dias em dezembro de 2022; em igual mês de 2020, o percentual estava em 57,0 dias.
Ainda assim, o patamar de contas atrasadas segue bastante elevado, em um cenário em que o maior custo das dívidas com o aumento das taxas de juros pressiona o comprometimento da renda. Na comparação interanual, a parcela da renda comprometida com dívida passou de 21,0% em dezembro de 2021 para 27,2% em dezembro de 2022, com alta concentrada sobretudo no último trimestre de 2022.
“Este ano será mais um de juros elevados para combater a inflação e, portanto, teremos desafios importantes ao desempenho do varejo, tanto pelo encarecimento das compras parceladas quanto pelo maior comprometimento com o serviço da dívida, que tira espaço da renda para outras alocações. Nesse cenário, por mais que a PEIC-RS capte alguns sinais positivos de descompressão e esforço de pagamento, a perspectiva é de um cenário de endividamento que seguirá prescrevendo cautela.” comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos B