Costa Neto culpa governo Lula por vandalismo em Brasília e isenta Bolsonaro

Presidente do PL afirmou que ex-chefe de Estado pretende voltar ao Brasil no fim de janeiro

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil / CP

O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, responsabilizou o governo Lula pelos ataques e depredações dos prédios públicos dos Três Poderes, em Brasília, por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 8 de janeiro. “A culpa de tudo isso é do governo atual. São eles quem mandam no Exército, nas polícias e isso aconteceu. Não tinha policial suficiente para defender os prédios federais”, disse o dirigente, em entrevista à rádio CBN, na manhã desta sexta-feira.

Questionado sobre o papel de Bolsonaro no episódio, Costa Neto negou o envolvimento do ex-presidente. “Zero (responsabilidade). A responsabilidade é do ministro da Justiça (Flávio Dino) que fez uma portaria que dizia que a Força Nacional iria defender os blocos federais e não tinha um cidadão da Guarda Nacional lá. Ninguém incentivou nada”, disse.

As invasões às sedes dos Três Poderes estava sendo preparada por extremistas leais a Bolsonaro desde o dia 3 de janeiro, quando radicais começaram a divulgar com grande intensidade mensagens em aplicativos como o Telegram e o WhatsApp para trazer manifestantes de todo o País para Brasília, com as despesas pagas.

Retorno do ex-presidente

Durante a entrevista, Costa Neto afirmou que o próprio Jair Bolsonaro disse a ele que pretende retornar ao Brasil no fim de janeiro. O ex-presidente está nos Estados Unidos desde o fim de 2022, quando, a três dias do fim do mandato, se recolheu em um condomínio na região de Orlando, na Flórida.

A intenção da sigla é manter Bolsonaro no partido como uma liderança destacada. “Quero de qualquer forma o Bolsonaro aqui no Brasil, trabalhando e prestigiando o partido, indo nos nossos eventos, visitando as cidades. E principalmente a esposa dele, a dona Michelle (Bolsonaro). Michelle se revelou com um carisma impressionante. Com isso, nós queremos eles para que fortaleçam o nosso partido”, disse Costa Neto.

O novo cargo de Bolsonaro no PL – e um eventual para Michelle – vai gerar gastos para a sigla. O primeiro pagamento ainda precisa ser agendado, visto que a legenda está com os recursos bloqueados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois de receber uma multa de quase R$ 23 milhões por tentar anular o segundo turno com acusações infundadas sobre fraudes na urna eletrônica.

“Minuta do golpe”

Costa Neto afirmou que documentos semelhantes àquele apreendido na casa do ex-ministro Anderson Torres pela Polícia Federal foram vistos por ele. Segundo o dirigente, muitas pessoas enviaram relatórios com ideias ilegais para impedir o presidente Lula de tomar posse.

“Olha, fiquei surpreso (quanto ao documento encontrado na casa de Torres), lógico! Mas acontece que daquele documentos, vários outros circularam. Teve gente que me mandava proposta de qual lei ou artigo eu tinha que usar para não deixar o Lula assumir. As propostas vinham de todo lugar. Aquilo que acharam na casa do ex-ministro da Justiça pode ter sido uma dessas”, disse.

Quanto às propostas semelhantes que foram enviadas em nome dele, Costa Neto afirmou que descartou e que não as manteve em casa. “Eu tinha o cuidado de colocar no moedor quando recebia alguma proposta dessa”, disse. O conteúdo da minuta de decreto presidencial apreendida defende a necessidade de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir o “pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial” de 2022. O texto sustenta que elas foram “descumpridas” em “grave ameaça à ordem pública e à paz social”. O nome do ex-presidente Jair Bolsonaro aparece no fim do texto.

Nesta quinta-feira, Bolsonaro defendeu que a minuta é um documento “apócrifo” que não indica “quaisquer atos concretos” da participação do ex-chefe do Executivo. Segundo a defesa do ex-presidente, o papel “nunca deixou a residência privada de terceiros; não foi publicado ou publicizado, a não ser pelos órgãos de investigação e; não se tem notícia de qualquer providência de transposição do mundo do rascunho de papel para o da realidade fenomênica, ou seja, nunca extravasou o plano da cogitação”.

*Com informações da Agência Estado (AE)