Mais de 100 trechos de rodovias no Peru permaneciam bloqueados por manifestantes neste sábado, enquanto o aeroporto de Cusco retomava as operações, um dia após a presidente Dina Boluarte garantir que não renunciaria.
Pedidos de libertação de Castillo – em prisão preventiva enquanto é processado por suposta rebelião – e a formação de uma Assembleia Constituinte também fazem parte da agenda.
Andes sem trégua
Os protestos foram retomados na semana passada após uma espécie de trégua no final do ano e se concentraram no sul andino, onde vivem comunidades quechuas e aymaras que, segundo analistas, foram historicamente marginalizadas.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que visitou o país esta semana, considerou que para superar definitivamente a crise será necessário integrar essas comunidades.
Alguns grupos de manifestantes dessas regiões ameaçam viajar a Lima para uma “tomada da cidade” que obrigaria Boluarte a renunciar e geraria um quadro que forçaria eleições o mais rápido possível.
Ameaça de grupos radicais
As autoridades insistem que setores ultrarradicais estão por trás dos protestos, incluindo remanescentes do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso.
Como prova, apresentaram a captura esta semana de um ex-integrante dessa organização, Rocío Leandro, conhecida como “Camarada Cusi”.
De acordo com um porta-voz da polícia, general Óscar Arriola, Leandro financiou o vandalismo que deixou uma dezena de mortos na região de Ayacucho. “Cusi” e sete pessoas capturadas junto com ela, segundo a polícia, pretendem formar um novo grupo terrorista chamado Nueva Fracción Roja. Organizações de esquerda rejeitaram a versão policial, que apontam como uma estratégia para criminalizar os protestos.
*Com informações da AFP