Em nota, Farsul repudia atos terroristas em Brasília e questiona “judicialização do processo político”

Documento encerra com um apelo de volta à razão

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) manifestou repúdio aos atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro nas sedes dos poderes, em Brasília. “Não há possibilidade de imaginarmos uma sociedade justa em cenário que compactue com a depredação de patrimônios, sejam eles públicos ou privados”, defende a direção da entidade, em nota divulgada nesta quinta-feira.

Além de condenar os atos, a Federação atrela o atual momento à “judicialização do processo político”. “Algumas das cenas assistidas em decorrência da reação aos atos de depredação ocorridos em Brasília, resultantes em parte, até mesmo, de decisões judiciais que violam Direitos e Garantias Fundamentais do cidadão, remontam a situações da história mundial as quais envergonham toda humanidade”, acrescenta a Farsul, sem especificar a quais ações se refere.

“Na busca de soluções do impasse em que se encontra a sociedade cabe identificar as causas da instabilidade social e institucional do Brasil, e enfrentá-las, sem arroubos, bravatas ou manifestações que ao invés de serenar causem ainda mais revolta ou indignação, sejam de que parte for”, continua o texto.

O documento, assinado pelo presidente da Farsul, Gedeão Silveira Pereira, encerra com um apelo de volta à razão, “capacidade dada, aliás, somente aos seres humanos”.

Confira nota na íntegra:
“Testemunha de grande parte da história da nossa jovem República, a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul – FARSUL, entidade que há quase um século representa os produtores rurais gaúchos, acompanha com preocupação os últimos acontecimentos na sociedade brasileira.

Continuamos firmes em nossa defesa dos princípios democráticos que regem as sociedades livres de nosso planeta, destacando, dentre estes os direitos à propriedade e à liberdade de expressão. Desta forma manifestamos nosso repúdio, assim como conta nossa história, aos atos de vandalismo do patrimônio ocorridos no último dia 8 de janeiro nas sedes dos poderes constituídos da Nação. Não há possibilidade de imaginarmos uma sociedade justa em cenário que compactue com a depredação de patrimônios, sejam eles públicos ou privados.

Na mesma direção condenamos também os atos que sistematicamente têm instigado a
ampliação do clima de animosidade que vige em nossa Nação, gerados em muitos casos também pela judicialização do processo político. Algumas das cenas assistidas em decorrência da reação aos atos de depredação ocorridos em Brasília, resultantes em parte, até mesmo, de decisões judiciais que violam Direitos e Garantias Fundamentais do cidadão, remontam a situações da história mundial as quais envergonham toda humanidade.

É impossível que continuemos nos considerando não mais como adversários no campo
das ideias, mas sim como inimigos prejudicando, inclusive, a capacidade de distinção entre
manifestações pacíficas e aquelas onde se materializa o ódio. Na busca de soluções do impasse em que se encontra a sociedade cabe identificar as causas da instabilidade social e institucional do Brasil, e enfrentá-las, sem arroubos, bravatas ou manifestações que ao invés de serenar causem ainda mais revolta ou indignação, sejam de que parte for.

Sabemos que neste momento as divergências em muitos campos são gigantescas, mas
continuamos a ser brasileiros, vivendo em uma mesma pátria, e isso deve ser o suficiente para que haja limites nos anseios dos segmentos da sociedade.

Temos uma nação a construir! Nossa curta história republicana ainda carece de amadurecimento, e para isto precisamos, mesmo nas divergências, encontrar os pontos de equilíbrio e rumar ao futuro.

O setor rural gaúcho, que tanto serviço presta à sociedade brasileira e mundial, provendo alimentos, vestimentas e energia a milhões de pessoas em nosso planeta, apela pela
imperativa necessidade de voltarmos à razão, capacidade dada, aliás, somente aos seres
humanos”.

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