A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) se reuniu de forma extraordinária, nesta segunda-feira, para repercutir os atos de vandalismo registrados em Brasília no domingo. Em nota, o grupo lamentou os “deploráveis atentados contra as sedes dos Três Poderes da República” – que, conforme a entidade, “atacam não somente os prédios públicos tombados da capital, mas, de forma inadmissível e criminosa, a democracia”.
Os integrantes FNP aproveitaram a oportunidade para exigir “investigação e punição rigorosa dos participantes, financiadores e incentivadores” – sejam eles detentores, ou não, de mandatos eletivos, e seja por ação ou por omissão. O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), participou do encontro de forma remota e se juntou ao coro de condenação aos ataques que ocorreram na capital federal.
“A demoracria é o império da Lei. A democracia não coaduna com bagunça. O Estado Democrático de Direito tem que identificar, processar, dar direito à defesa e responsabilizar os envolvidos. É assim que funciona. Ditadura nunca mais – nem de esquerda, nem de direito. A democracia tem defeitos, precisa de correções, mas é o regime que permite a convivência com o diferente”, ressalta o político.
A Frente reúne prefeitos das regiões metropolitanas dos estados e cidades com mais de 80 mil habitantes. “Divergir não está errado. Oposição responsável faz isso. Foi o que eu fiz quando fui parlamentar. Este processo é lamentável. Tenho muita convicção de que a democracia brasileira vai sair fortalecida. Todos nós, independente de correntes partidárias, temos a criança de que este é o caminho”, finaliza Melo.
As lideranças municipais externaram a preocupação com o impacto dos atos de vandalismo na economia do país. Ainda na nota enviada à imprensa, a diretoria da FNP salienta que “no momento em que governantes deveriam estar engajados em avançar nas políticas públicas, ocupam-se em recuperar instalações prediais, patrimônios de todos os brasileiros, e planejar o enfrentamento a atos terroristas”.
Confira a íntegra da nota da FNP
“Prefeitas e prefeitos das capitais, médias e grandes cidades do país, reunidos extraordinariamente, nesta segunda-feira, 9, deliberaram por se manifestar, independentemente de filiação partidária e posicionamento eleitoral, sobre os gravíssimos acontecimentos ocorridos em Brasília no domingo, 8.
Os lamentáveis e deploráveis atentados contra as sedes dos Três Poderes da República, nunca antes registrados no país, atacam não somente os prédios públicos tombados da capital, mas, de forma inadmissível e criminosa, a democracia. Prefeitas e prefeitos exigem investigação e punição rigorosa dos participantes, financiadores e incentivadores, sejam eles detentores, ou não, de mandatos eletivos e seja por ação ou por omissão. Ao repudiar com veemência as depredações e invasões, os governantes locais reafirmam a permanente disposição em atuar e colaborar pela manutenção da ordem nos seus municípios.
O momento econômico e social exige que os debates e esforços sejam voltados para o combate à fome, à retomada dos investimentos públicos, do desenvolvimento econômico e social, aos cuidados com a saúde e à educação da nossa população, ao fomento à geração de emprego e renda, além de enfrentamento aos reflexos das mudanças climáticas. No entanto, lamentavelmente, no momento em que governantes, parlamentares e gestores, além do Poder Judiciário, deveriam estar engajados em avançar nas políticas públicas, ocupam-se em recuperar instalações prediais, patrimônios de todos os brasileiros, e planejar o enfrentamento a atos terroristas. Inquestionavelmente, isso é um lamentável desperdício de tempo, energia e de recursos públicos.
Prefeitas e prefeitos, eleitos pelo legítimo voto direto, reafirmam que o resultado eleitoral deve ser respeitado como vontade suprema da Nação e que se devem repudiar esse atos antidemocráticos, os mais graves desde a Constituição de 1988, com rigor. Salientam, ainda, que estão comprometidos com o Estado Democrático de Direito e com a construção de um país socialmente justo, sustentável e de oportunidades para o povo brasileiro. Por isso, como governantes dos entes federados onde todos os sonhos, sofrimentos e protestos acontecem, estão prontos e aptos a contribuir para a pactuação pela pacificação do país.”