Estiagem: mais de 40 municípios gaúchos já decretaram situação de emergência

Em cidades da fronteira Oeste, famílias já dependem de caminhões-pipa

Foto: Paulo Rossi / CP Memória

O último balanço da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, atualizado nesta quinta-feira, confirma 44 cidades gaúchas em situação de emergência por conta da falta de chuvas. Há pouco mais de uma semana, no dia 27 de dezembro, eram apenas 12.

De acordo com o órgão estadual, as prefeituras de Cerro Grande, Júlio de Castilhos, Manoel Viana, Pinhal, São Gabriel e São Pedro das Missões tiveram situação reconhecida pelo governo estadual.

Já Tupanciretã, na região Central, teve decreto homologado pelo governo gaúcho e reconhecido pela União, o que habilita a prefeitura a receber auxílios e realizar compras de forma simplificada. O município encaminhou o primeiro decreto da atual temporada de estiagem, em 1º de dezembro.

O chefe da Divisão de Apoio Técnico da Defesa Civil do RS, coronel Éverton Souza Dias, explica o papel do órgão para auxiliar os municípios. “É uma situação que nos preocupa há alguns meses. Então, juntamente com outras secretarias, como as de Agricultura e Meio Ambiente, que nos auxiliam com recursos hídricos, a Defesa Civil tem dado atendimento a essas demandas”, declarou.

2022 x 2023

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o cenário de 2023 em relação ao número de municípios afetados pela falta de chuvas é mais brando. No início de janeiro de 2022, havia 175 cidades em situação de emergência. No entanto, 197 municípios tinham relatado algum tipo de prejuízo, principalmente nas quebras das safras de soja e milho, e falta de água potável.

Para o verão de 2023, o coronel estima situação mais “tranquila”, uma vez que há previsão de retorno das chuvas para algumas regiões gaúchas ainda em janeiro.

“Existe uma previsão de que as chuvas retornem gradualmente no mês de janeiro e fevereiro, principalmente para as regiões Norte e Nordeste. A nossa preocupação é com a Campanha e o Centro Oeste gaúcho, áreas em que a tendência é de que as chuvas sejam realmente fracas. Embora haja essa previsão, a tendência é que um número menor de municípios decretem situação de emergência em relação ao ano passado. No entanto, estamos trabalhando para o pior cenário, como é de praxe de qualquer área da segurança”, relatou.

Falta de água

A falta de água já afeta e preocupa autoridades de três municípios da fronteira Oeste, por exemplo. Em Itaqui, produtores rurais pediram ao Executivo que faça a limpeza dos açudes e passe a fornecer água a localidades com dificuldade no abastecimento aos moradores.

Em Alegrete, a situação já atinge parte da população. Ao menos seis comunidades já recebem água de caminhões-pipa do município.

Já em Uruguaiana, a Defesa Civil fornecendo água às primeiras famílias de três localidades da zona rural com apoio de uma concessionária.

Cuidado com a potabilidade

“Agua potável é um fator preocupante pois não é qualquer equipamento que pode levar água potável. Nós temos, às vezes, algumas demandas em que conseguimos levar água para uma família, mas ela não é potável. Essa preocupação [alertar sobre as condições da água] deve ser constante, já que se ela não estiver apta ao consumo humano pode trazer um risco grande para as pessoas”, salienta o coronel Dias, oriundo do Corpo de Bombeiros Militar.

Segundo o oficial, mesmo que o caminhão da corporação pegue a água da Corsan ou do hidrante, que é a mesma que vai para as torneiras, é necessário que o veículo tenha um equipamento necessário para manter o líquido saudável e próprio para o consumo humano.