Setor têxtil projeta produzir menos e vender em 2022, diz Abit

Em valores, o faturamento deverá somar R$ 193,6 bilhões em 2022, impulsionado pela inflação.

Crédito: Divulgação/Sefaz

A indústria têxtil e de confecção brasileira deverá fechar o ano de 2022 com saldo positivo na criação de vagas formais, consolidando a retomada na geração de empregos observada em 2021, após dois anos de retração nesse indicador. A expectativa é da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) e de Confecção e ocorre em meio a um cenário de aumento dos custos ao longo de 2022, contrastando com a previsão de queda na produção.

Nos 12 meses encerrados em outubro, o setor gerou 7,6 mil postos de trabalho. Os dados, que tem como base o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), foram divulgados pelo presidente da entidade, Fernando Valente Pimental, quando destacou que a indústria setorial seguiu fortemente pressionada, em 2022, pela majoração nos preços dos insumos.

Entre janeiro e outubro, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) registrou incrementos de 8,3% para as indústrias têxteis e 14,8% para as confecções. No acumulado de 12 meses (de outubro de 2021 a outubro de 2022), a inflação para os produtores dos dois segmentos foi de, respectivamente, 12,6% e 16,2%. Do ponto de vista do consumo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do segmento de vestuário de janeiro a outubro registrou elevação de 14,9%, chegando a 18,4% no acumulado anualizado.

FECHAMENTO NEGATIVO

Segundo Pimentel, no entanto, o índice do setor corresponde a pouco mais de 50% do IPCA geral na série histórica desde a criação do Plano Real, há mais de 28 anos. O setor tem tido, portanto, um papel relevante para a relativa estabilidade de nossa moeda ao longo deste período, dado ser um segmento de alta concorrência, tanto interna quanto externa.

“Este tem sido um ano difícil, o setor fechará com números negativos depois de ter crescido bem no segundo semestre de 2020 e em 2021, mas os impactos foram muito fortes na questão dos custos”, resumiu Pimentel. De acordo com o balanço da Abit, a indústria têxtil e de confecção deverá fechar o ano com uma retração de 7,5% na produção física. Em valores, o faturamento deverá avançar de R$ 190,3 bilhões em 2021 para R$ 193,6 bilhões em 2022, impulsionado pela inflação.

Além do incremento nos custos, contribuíram para retração da produção, segundo o executivo, as constantes interrupções nas cadeias de suprimento e a necessidade de alinhamento a um novo ritmo de reposição de estoques pelo varejo. “Tudo isso teve um peso muito grande e várias empresas tiveram que reajustar seu nível de produção ao nível da demanda”, disse.

“Por outro lado, seguimos gerando emprego. Pode parecer um contrassenso, mas, em algumas regiões, temos tido muita dificuldade para a contratação de pessoas”, comentou o presidente da associação, acrescentando: “Somados, os dados de 2021 e 2022 dão um resultado de quase 76 mil vagas criadas. O número representa um saldo positivo de quase 30 mil vagas na comparação com o biênio imediatamente anterior, quando quase 47 mil postos de trabalho foram fechados”.