A Polícia Civil trabalha para identificar mais três suspeitos de envolvimento em um suposto caso de tortura em uma unidade do supermercado Unisuper em Canoas, cidade localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre. Segundo a investigação, o crime aconteceu em 12 de outubro, mas só chegou ao conhecimento das autoridades dois dias depois, quando uma das vítimas deu entrada em um hospital da Capital.
O homem, que tinha graves lesões na região da face, entrou em coma. A obtenção das imagens das câmeras de monitoramento do estabelecimento, que registraram a dinâmica do crime, foi dificultada por um dos envolvidos no caso. Ele foi flagrado por policiais enquanto tentava limpar a memória do sistema, na tentativa de ocultar as provas das agressões cometidas contra o homem.
Após a análise do material, a polícia concluiu que a sessão de tortura começou quando a vítima foi abordada por um dos seguranças do supermercado, após tentar furtar dois pacotes de picanha. O indivíduo foi levado ao depósito, onde passou a ser espancado para que entregasse supostos comparsas. Um segundo homem também foi agredido pelo grupo, que só liberou as vítimas após o pagamento de R$ 644 em dinheiro.
A transferência foi feita pelo filho de uma das vítimas, mediante ameaças de morte. Até o momento, quatro suspeitos foram identificados pelas autoridades – sendo dois seguranças, o gerente e o subgerente da loja. Eles apresentaram versões conflitantes em relação ao crime. Os furtos praticados na loja não foram apurados, uma vez que o estabelecimento não agiu conforme o protocolo previsto por Lei.
Os três indivíduos que ainda não foram identificados pelas autoridades também atuavam na equipe de segurança do estabelecimento – tarefa que era realizada por uma empresa terceirizada, a Glock Segurança. A Polícia Civil pede que quaisquer informações acerca dos suspeitos sejam repassadas ao Departamento de Homicídios, por meio do número 0800-642-0121. As ligações são gratuitas e anônimas.
Contraponto
Em nota, a rede de supermercados Unisuper ressaltou que todos “estão profundamente abalados”, e que “as agressões são inaceitáveis e não condizem com a sólida história de 22 anos” da empresa. Ainda no comunicado oficial, a companhia informa que encerrou o contrato com a empresa Glock Segurança e desligou os funcionários envolvidos, iniciando um trabalho de revisão dos protocolos.
Ainda conforme a Unisuper, “não serão medidos esforços para construir procedimentos que garantam que situações como essa jamais voltem a acontecer”. A rede de supermercados ressalta também que reafirma “o compromisso com o respeito à vida e à dignidade da pessoa humana”, se colocando, mais uma vez, integralmente à disposição das autoridades.