Chuva prejudica buscas por desaparecidos em deslizamento na BR-376, no Paraná

Equipes de resgate seguem procurando em torno de 30 pessoas sob a lama

Foto: Defesa Civil Paraná / Divulgação / CP

Equipes de resgate seguem trabalhando para encontrar cerca de 30 pessoas, ainda desaparecidas em razão do deslizamento de terra que atingiu a BR-376, em Guaratuba, no Paraná, no fim da tarde de segunda-feira. Seis pessoas foram resgatadas com vida e, até a manhã desta quarta, dois corpos haviam sido retirados do local. As buscas foram retomadas, mas as chuvas persistem, comprometendo as buscas em um terreno considerado instável.

Conforme o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Manoel Vasco de Figueiredo Junior, o número de vítimas é estimado com base no total de veículos ainda soterrados e em informações de familiares de possíveis vítimas. Foram feitos 19 contatos de parentes em busca de informações. “Retiramos três veículos menores e uma carreta dos escombros, mas ainda temos dez carros e seis carretas soterrados. Se fizermos a conta de duas pessoas por veículo, vamos chegar ao número em torno de 30”, disse.

Um dos corpos resgatados, retirado de uma carreta, era do caminhoneiro José Maria Pires, de 60 anos, morador de São Francisco do Sul (SC). O outro, encontrado ao lado de outra carreta, permanece no Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba, aguardando identificação.

As equipes de resgate fazem uso de câmeras termais acopladas e de um drone na tentativa de identificar focos de calor que possam ser de sobreviventes. Como a área está com risco de novos deslizamentos, ainda não se conseguiu usar guinchos para a remoção dos veículos enterrados na lama.

Conforme o coronel Fernando Schunig, coordenador estadual da Defesa Civil, foram identificados outros dez pontos de possíveis deslizamentos no trecho de serra da BR-376, o que aumenta o risco para as equipes de socorro. Ainda não há previsão para a reabertura da estrada. Segundo ele, as chuvas que atingem a região leste do Paraná causaram quedas de barreiras em outras rodovias e alagamentos em ao menos seis cidades. “Temos 1.700 famílias deslocadas de suas residências, grande parte desabrigadas. Montamos dois abrigos com 45 famílias de outras regiões que ficaram retidas em Curitiba”, disse.

Em Campina Grande do Sul e Bocaiúva do Sul, a Defesa Civil começou a retirar de casa famílias que vivem abaixo da represa do rio Capivari. Devido às chuvas torrenciais, o nível da represa subiu muito e as comportas foram abertas por motivo de segurança.

O governo paranaense lançou um apelo aos familiares e amigos de pessoas que eventualmente possam ter desaparecido no local para que entrem em contato com a Central de Atendimento da Polícia Científica, pelo telefone (41) 3361 7242, que funciona 24 horas. As informações podem ajudar na localização de possíveis vítimas.

“O morro inteiro veio abaixo de uma vez”, relata prefeito com carro soterrado

O prefeito de Guaratuba, no litoral do Paraná, Roberto Justus (União), e o motorista dele, Claudio Margarida, tiveram o carro atingido pelo deslizamento na BR-376. Justus disse que nunca tinha visto tanta água e tanta lama morro abaixo às margens da rodovia. “A gente pressentia que algo pudesse acontecer”, disse.

“O morro inteiro veio abaixo de uma vez só, numa velocidade tão grande que não dá para reagir ou pensar absolutamente nada”, disse. De acordo com ele, o carro parou tombado com a porta do lado do motorista quase encostada no chão. “O Cláudio chutou o vidro da porta dele e saímos por debaixo do carro. Chovia demais na hora, e a gente via aquele lamaçal descendo”, recorda-se. “Saímos ilesos, ficou só a dor da pancada e o estado emocional bem abalado. Foi assustadora a situação. É aí que a gente percebe o milagre que recebeu. Não sei como estou aqui”, completa.