
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) confirmou, nesta quarta-feira, que denunciou o vice-prefeito de Bom Progresso, Maicon Leandro Vieira Leite (PDT), e Cloves Oliveira (PSB), candidato ao Executivo municipal em 2020, pelo assassinato de Jarbas David Heinle, então secretário de Saúde e filho do prefeito da cidade. Eles teriam contratado Sérgio Ribeiro dos Santos e Matheus Gabriel Müller Merel, também incluídos na denúncia, para o cometimento do crime, em setembro.

No documento, o MP pede que a Justiça torne os quatro suspeitos réus por homicídio duplamente qualificado. A acusação contra Maicon e Cloves é agravada por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa do ofendido e, no caso de Sérgio e Matheus, por crime cometido mediante pagamento de recompensa.

Apenas um suspeito permanece preso
Sérgio é o único suspeito que permanece detido por envolvimento no crime. Ele está preso, preventivamente, uma vez que teria organizado o crime e contratado Matheus, apontado como o autor dos disparos, que está foragido.
No último dia 7, Cloves, conhecido como ‘Faísca’, que tem antecedentes por porte ilegal de armas e falsificação de documentos, foi liberado após cumprir o prazo da prisão temporária. O vice-prefeito, que responde processos por tráfico de drogas, também foi solto.
Uma fonte junto ao Tribunal de Justiça declarou à Rádio Guaíba que as testemunhas estão temerosas e sentem-se ameaçadas após a soltura dos suspeitos. Contatados pela reportagem, moradores da região alegaram revolta com a condução do caso e cobraram que o julgamento seja realizado de modo célere para que possa haver a punição dos responsáveis.
O MP tenta reverter, junto ao Tribunal de Justiça, a decisão que permitiu que ambos os suspeitos, apontados pela Polícia Civil como mandantes do crime, respondessem em liberdade.
Relembre o crime
Na noite de 10 de setembro, pouco após chegar à residência em que vivia junto com a esposa, o ex-secretário foi baleado por Matheus, que havia se escondido no galpão da casa para cometer o crime. Após os disparos, o atirador fugiu, acompanhado por Sérgio.
Atingido no peito e no rosto, Jarbas chegou a ser socorrido pela mulher e levado a um hospital da região, mas não resistiu.
Segundo as investigações, o vice-prefeito Maicon Leandro Vieira Leite (PDT) e Cloves Oliveira (PSB) contrataram Sérgio Ribeiro dos Santos e Matheus Gabriel Müller Merel para matar a vítima, filho do atual prefeito, Armindo David Heinle (PP), visto como sucessor ao cargo no Executivo municipal. Apesar de terem concorrido em chapas opostas anteriormente, os suspeitos teriam formado uma aliança velada para comandar Bom Progresso após os próximos pleitos.
Sérgio, apontado nas investigações como responsável por contratar o atirador, teria recebido R$ 30 mil e uma carta de emprego, enviada a mando de Cloves, para sair temporariamente do sistema prisional, onde cumpria pena por roubo. Ele também teria recebido a promessa de um cargo na prefeitura com salário de R$ 3 mil.
Suposto autor dos disparos, Matheus, que também tem passagens por roubo, teria recebido R$ 20 mil para executar a vítima. Na época do crime, ele estava solto em regime condicional, sem tornozeleira, devido à falta do equipamento em delegacias da região.