Inadimplência acelera e atinge maior taxa anual desde 2016, aponta CNC

Volume de famílias com contas atrasadas têm tendência de alta, com recorde entre rendas média e baixa.

Foto: Flipar / R7

O endividamento das famílias apresentou um recuo no mês de outubro. Entretanto, no mesmo período, houve um avanço da inadimplência. É o que mostram os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta segunda-feira, 7, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Depois de três altas seguidas, seguidas, o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer, o que considera cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa, caiu 0,1 ponto percentual em outubro, para 79,2% do total. Em um ano, a proporção de endividados era de 74,6% do total das famílias, o que significa um aumento de 4,6 pontos percentuais. Essa variação foi a menor desde julho de 2021.

Já a proporção de famílias com contas atrasadas saltou de 30% em setembro para 30,3% em outubro. Em outubro de 2021, o percentual era de 25,7%. Esse aumento de 4,6 pontos percentuais em um ano foi o maior desde março de 2016.

Segundo a CNC, a desaceleração na proporção de endividados reflete a melhora progressiva do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda mais robustas e a queda da inflação geral nos últimos meses, que influencia positivamente a renda disponível.

RECUO NO ENDIVIDAMENTO

Os dados da pesquisa revelam um recuo do endividamento tanto entre as famílias de rendas média e baixa (até 10 salários mínimos) quanto para aquelas na faixa de maiores rendimentos (acima de 10 salários mínimos). Na comparação de outubro com setembro, a queda mais expressiva foi entre os consumidores de renda elevada (de 75,9% para 75,4%).

Entretanto, a pesquisa revela que na comparação anual, esse grupo foi aquele com maior crescimento, com o percentual passando de 69,5% em outubro de 2021 para 75,4% em outubro de 2022. Entre as famílias com renda abaixo de salário mínimo, aquela com algum tipo de endividamento passou de 80,3% em setembro de 2022 para 80,2% em outubro, percentual que em outubro do ano passado era de 75,9%.

A pesquisa cita o aumento de 12,5 de 12,5 pontos percentuais em um ano dos juros anuais em todas as linhas de crédito às pessoas físicas, para 53,7% em média, para justificar o contexto macroeconômico mais difícil.