Quase nove em cada dez brasileiros (86%) sentem mais medo de terem os celulares roubados que a carteira, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva/Banco24Horas. A mudança de perspectiva está vinculada ao avanço da tecnologia. Com as informações financeiras e aplicativos de bancos no celular, as pessoas passaram a temer mais pela perda do aparelho.
João Paulo de Resende, diretor da pesquisa, aponta que esse temor não possui exceções: está em todas as camadas da sociedade brasileira. “Entre todas as classes econômicas, todas as regiões, gênero idade… esse medo dos golpes vinculados ao celular é generalizado na sociedade”, afirma Resende.
O estudo apontou que o medo é um pouco mais comum entre a população mais abastada: 92% entre as pessoas das classes A e B, e 79% entre as classes D e E. Colocados diante de oito cenários em que são vítimas de crimes e perguntados sobre quais temeriam mais, 23% dos respondentes apontaram “ter o celular roubado e o dinheiro retirado em transferências via Pix”.
“Ser forçado a fazer transferências via Pix” (15%) e “ser vítima de um golpe ou fraude financeira que utilize o Pix para retirar dinheiro da sua conta” (13%) aparecem na sequência.
Convivência entre meios físicos e digitais
O trabalho também revelou que 63% dos entrevistados usam dinheiro para fazer seus pagamentos. Para os pesquisadores, se observa, portanto, uma convivência harmoniosa entre os meios digitais e físicos.
“Os brasileiros percebem as diferentes tecnologias de pagamento como complementares, então o celular tem um espaço importante, mas o dinheiro continua tendo um peso relevante na vida dos brasileiros, sobretudo aqueles de menor renda”, avalia João Paulo de Resende.
Questionados sobe o motivo de preferirem usar o dinheiro, as principais motivações foram: “há lugares que só aceitam dinheiro” (20%), “estou acostumado a utilizar dinheiro” (16%), “pagando em dinheiro é possível ter descontos” (15%).
Devido à dimensão continental e à população heterogênea, o Brasil apresenta diferentes padrões de comportamento a depender da região, segundo Marcos Mazzi, gerente-executivo do Banco24Horas.
“Uma pessoa no interior da região norte do país não tem o mesmo comportamento e a mesma disponibilidade de recursos que uma pessoa que vive em um grande centro urbano, por exemplo. Precisamos deixar à disposição das pessoas as soluções em diferentes formatos para que elas possam utilizar dentro de suas realidades e contextos”, pondera Mazzi.
Levantamento
A pesquisa do Instituto Locomotiva/Banco24Horas foi realizada de forma online. Responderam ao levantamento 1.182 pessoas de todas as regiões do Brasil.