A disposição do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano agradou os empresários ligados à indústria. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão foi ‘acertada’ na opinião do seu presidente Robson Andrade. Entretanto, a decisão deve desacelerar o crescimento da atividade econômica no segundo semestre de 2022 e “limitar significativamente o seu crescimento em 2023”.
“A Selic em 13,75% ao ano já era suficiente para manter a desaceleração da inflação nos próximos meses. Principalmente porque essa taxa está muito acima do nível de taxa de juros a partir do qual se inibe a atividade econômica, que foi alcançado ainda em dezembro de 2021”, afirmou.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Gilberto Porcello Petry, a decisão pode ser explicada pelo fato da autoridade monetária ter começado o aperto monetário muito antes dos demais países, e as implicações dos juros elevados têm impactos defasados sobre a economia.
“O cenário mais favorável no médio prazo no âmbito doméstico, somado a um ambiente externo que sinaliza aumento generalizado nos juros e consequente redução da atividade econômica, o qual deve ajudar a descomprimir cadeias e preços de matérias-primas, forma o cenário base para o Copom anunciar o encerramento do ciclo de alta da Selic”, explica o presidente da FIERGS.
Para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, a decisão ocorre num cenário em que a inflação vem cedendo e os indícios de uma recessão mundial ficam cada vez mais evidentes. Para ele, entretanto, os núcleos permanecem pressionados, com a atividade interna robusta, e as expectativas de inflação para 2023 e 2024 ainda desancoradas.
“Nessa conjuntura é esperado que a taxa de juros real permaneça no campo contracionista por um longo período, tornando a tomada de crédito e as dívidas indexadas a Selic mais caras, pressionando o orçamento de famílias e empresas”, diz.