Um detalhe chamou a atenção dos participantes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que decidiu por manter a taxa Selic em 13,75%. Pela primeira vez em seis anos, a escolha não foi tomada de forma unânime. Desde março de 2016, o colegiado não tinha uma decisão “dividida”, quando a autoridade monetária tinha à frente como presidente Alexandre Tombini.
Na época, a taxa Selic estava em 14,25%, e o comitê definiu sua manutenção por uma maioria de 7 votos a 2. O grupo minoritário defendia aumento dos juros a 14,75%. No encontro desta semana foram 7 votos a favor da manutenção da taxa Selic em 13,75%, contra 2 votos por uma alta residual de 0,25 ponto porcentual dos juros, a 14%.
Entretanto, na queda de braço houve a adição de mais riscos ao cenário de inflação, tanto para o lado positivo quanto negativo. A situação fiscal foi um dos alertas, apesar das críticas públicas do Ministro Paulo Guedes às decisões tomadas pelo corpo técnico do Banco Central.
Os indicativos são de que os participantes demonstraram preocupação com os indicadores no mercado de trabalho, ainda altos, e uma maior persistência das pressões inflacionárias globais. Como contraponto, a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023, como previsto na proposta orçamentária enviada pelo governo e referente ao ano que vem.
O recado do comunicado divulgado pelo Copom é que, se os juros ficarem estáveis em 13,75% ao ano até junho de 2023, como previsto pelo mercado na pesquisa Focus, a inflação vai ficar “ao redor da meta” no chamado horizonte relevante.