O escultor, pintor e museólogo Emanoel Araújo morreu na madrugada desta quarta-feira, dia 7, em sua casa em São Paulo. As primeiras informações dão conta de ter sido um ataque cardíaco fulminante. Segundo um amigo do artista, Araújo foi encontrado morto no escritório de sua residência, onde serviria um almoço para conhecidos. Ele estava com 81 anos.
O velório acontece durante o dia no pavilhão do Museu Afro Brasil, que vai receber oficialmente o nome de Araújo, que foi curador-chefe da instituição de sua fundação, em 2004, até sua morte.
Segundo o secretário estadual da Cultura, Sérgio Sá Leitão, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, vai decretar luto oficial no Estado pela morte.
Desenhista, ilustrador, figurinista, gravador, cenógrafo, pintor e curador, Emanoel Alves de Araújo nasceu em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, em 15 de novembro de 1940.
Realizou sua primeira exposição individual em 1959 e, na década seguinte, seguiu para Salvador, onde ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde estudou gravura com Henrique Oswald (1918-1965).
Em 1972, recebeu a medalha de ouro na 3.ª Bienal Gráfica de Florença, Itália, e, no ano seguinte, o prêmio de melhor gravador. Entre 1981 e 1983, instalou e dirigiu o Museu de Arte da Bahia (MAB), em Salvador, além de expor individualmente no Museu de Arte de São Paulo, o Masp.
De 1992 a 2002, exerceu o cargo de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde foi responsável pela revitalização da instituição. E, em 2004, tornou-se curador e diretor do Museu Afro-Brasil, aberto naquele ano, em São Paulo, com obras de sua coleção.
No livro Emanoel Araújo – Escultor (2011), o crítico Paulo Herkenhoff observa a múltipla vocação de Araújo, lembrando que foi com um volume de Dom Quixote, ilustrado por Daumier, que o artista iniciou ao mesmo tempo uma carreira de artista, bibliófilo e colecionador.
Herkenhoff mostra que sua prática artística de cinco décadas está intimamente ligada ao impacto que a arte de Daumier exerceu sobre o garoto baiano de ascendência nagô, que viria a se tornar, além de escultor, um gravador construtivista e um Quixote na constituição de museus – primeiro, ao comandar a reforma da Pinacoteca do Estado, transformando-a numa instituição internacionalmente reconhecida e, depois, inaugurando o primeiro museu brasileiro dedicado à arte de origem africana.