Em entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira, a Corregedoria-Geral da Brigada Militar anunciou que 17 policiais devem responder à Justiça Militar por envolvimento na abordagem de Rai Duarte, torcedor do Brasil de Pelotas, que passou 116 dias internado no Hospital Cristo Redentor por agressões sofridas após um jogo, ocorrido em maio, na capital. Entre os envolvidos, de acordo com o Inquérito Policial Militar (IPM), 11 foram afastados, dez sob acusação de tortura e lesão corporal grave e um por tortura e tentativa de homicídio. Outros seis oficiais serão investigados por transgressão de conduta, como omissão. Eles seguem nos cargos, mas distribuídos em outros batalhões.
“A Corregedoria Geral analisou um total de 4.133 mensagens, 1.300.751 mensagens de bate-papo, 135 mil áudios, 609.517 imagens e 89.926 vídeos, tudo isso em um total de 221 giga durante a investigação, e ainda assim teremos dados complementares no futuro”, declarou o corregedor-geral da BM, coronel Vladimir Luis Silva, ao receber a imprensa no Quartel do Comando-Geral da BM, em Porto Alegre. Setenta e cinco pessoas foram ouvidas durante o IPM.
“A investigação chega a conclusão de crime de tortura, lesão corporal de natureza grave e tentativa de homicídio. Em decorrência disso, teremos a instauração de um Conselho de Justificação para que nós tenhamos condições de apurar a capacidade desses profissionais de permanecerem nas fileiras da corporação”, complementou.
Os nomes dos policiais envolvidos não foram revelados pela corporação. O coronel Cláudio dos Santos Feoli, comandante-geral da Brigada Militar, declarou que seis civis foram indiciados, por falso testemunho, e podem responder na Justiça Comum caso sejam denunciados pelo Ministério Público.
O caso
As agressões a Rai Duarte ocorreram após uma confusão entre torcidas que se seguiu a partida entre São José e o Brasil de Pelotas, no estádio Francisco Novelletto Neto, no bairro Passo D’Areia, na zona Norte da capital.
Gravemente ferido, o torcedor xavante deu entrada no HCR horas depois de ser retirado de dentro de um ônibus pelo efetivo da Força Tática do 11º BPM. O funcionário público passou 116 dias internado e precisou passar por mais de dez cirurgias nesse período.