Hadi Matar, de 24 anos, que apunhalou o autor anglo-indiano Salman Rushdie, de 75, durante um evento no Chautauqua Institution, em Nova York (EUA), se declarou inocente, nesta quinta-feira, das acusações de tentativa de homicídio e agressão em segundo grau. Preso, sem possibilidade de fiança, desde o dia do ataque, o réu, natural de New Jersey, pode ser condenado a até 25 anos em regime fechado.
Embora as motivações do atentado ainda não tenham sido esclarecidas por completo, o agressor declarou, nesta semana, em entrevista ao jornal The New York Times, que não gosta de Rushdie por considerar que o escritor ‘atacou o Islã, atacou suas crenças e seu sistema de fé’. A tentativa de homicídio ocorreu 33 anos depois que o aiatolá Ruhollah Khomeini, então líder supremo do Irã, emitiu uma ordem condenando Rushdie à morte após o escritor descrever, no livro ‘Versos Satanicos’, personagens inspirados em Maomé.
Na última segunda-feira Nasser Kanaanido, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, negou que o país tenha relações com o ataque mas disse que a responsabilidade do ataque recai unicamente sobre ‘Salman Rushdie e seus apoiadores, dignos de reprovação e condenação’. Mesmo sem a comprovação do elo, investigações preliminares da polícia nova-iorquina indicaram que Haidi era simpático ao Governo do Irã e, ao The New York Times, o agressor reconheceu ser um admirador de Khomeini. Ao jornal, a mãe do suspeito relatou que, em 2018, Hadi voltou de uma viagem ao Oriente Médio muito focado em ser fiel ao Islã, e garantiu que não quer saber mais dele.
Após ser esfaqueado cerca de 15 vezes, Rushdie precisou ser levado às pressas, de helicóptero, a um hospital, onde passou por cirurgias de emergência. Segundo um agente do autor, apesar do risco de perder um olho e de danos causados aos nervos de um braço, ele voltou a se comunicar e coopera com os investigadores.