A polícia de Nova York divulgou a identidade do homem que apunhalou o autor anglo-indiano Salman Rushdie, de 75 anos, durante uma palestra, nesta sexta-feira, no Chautauqua Institution, na região nordeste da cidade. De acordo com os agentes, Hadi Matar, de 24 anos, natural de New Jersey, comprou ingresso para o evento, e acompanhou parte da atividade sentado em meio às 2,5 mil pessoas da plateia, antes de subir ao palco para atacar o escritor.
Seguranças imobilizaram o suspeito, detido e encaminhado a uma unidade policial em Jamestown. Mesmo sem a divulgação das motivações do ataque, o jornal The New York Post informou que uma investigação preliminar aponta que o agressor é simpático à Guarda Revolucionária Islâmica e ao regime iraniano, que ameaça o escritor de morte desde o fim da década de 1980.
Alvo de aproximadamente 15 facadas na região do pescoço, segundo relatos de testemunhas, Rushdie teve de ser transportado de helicóptero até um hospital. Ele passa por procedimentos cirúrgicos e ainda não teve o estado de saúde informado.
Charlie Hebdo manifesta apoio ao escritor
A publicação francesa Charlie Hebdo publicou, no início da noite, um manifesto em apoio a Salman Rushdie. Na carta, o jornal condenou a perseguição ao autor promovida pelo governo do Irã.
O documento avalia que o agressor é ‘provavelmente um crente, que é igualmente provavelmente muçulmano’ e cometeu o ataque em nome do ex-líder iraniano aiatolá Khomeini – que condenou o autor à morte em 1989.
Em janeiro de 2015, motivados pelo conteúdo satírico do jornal sobre a religião muçulmana, dois homens armados invadiram a redação do Charlie Hebdo, em Paris. O ataque matou 12 pessoas.
Condenado a morte pelo Irã
Inimigo público do Irã desde 1988, após a publicação da obra Versos Satânicos, Rushdie recebeu acusações de blasfêmia, pelo regime de Khomenei, por ter retratado, ficcionalmente, aspectos da vida de Maomé. Um ano depois, o aiatolá divulgou uma recompensa de US$ 3 milhões pela morte do escritor.
Rushdie buscou o programa de proteção do governo britânico, e passou nove anos escondido em anonimato, antes de reaparecer publicamente. Vigiado por seguranças armados 24 horas por dia, o autor se manteve crítico ao governo do Irã e ao extremismo religioso.