Um dia de muita dor, mas de muitas lembranças poéticas e de histórias de uma vida intensa foi o que marcou a despedida do poeta Luiz Carlos Goulart de Miranda, o Luiz de Miranda, na tarde deste domingo no Crematório Angelus, na capital gaúcha. O poeta uruguaianense de 77 anos morreu na tarde de sexta-feira por choque séptico e insuficiência cardíaca na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Lucas da PUCRS.
No velório do poeta realizado, neste domingo, foram muitas as presenças de amigos e parentes do poeta nascido em Uruguaiana em 6 de abril de 1945, com mais de 50 anos de carreira literária e 40 livros publicados, entre os quais se destacam “Memorial” (1973), “Solidão Provisória” (1978), “Amor de Amar” (1986). Integrante da Academia Rio-Grandense de Letras desde 1987 e também da Casa do Poeta Rio-Grandense, Miranda se inscreveu cinco vezes para concorrer ao Prêmio Nobel de Literatura. Alguns integrantes da Academia Rio-Grandense de Letras como os amigos José Eduardo Degrazia, Avelino Collet e Luiz Coronel marcaram presença no velório. Luiz Coronel lembrou de grandes poetas para marcar a despedida do amigo como o chileno Pablo Neruda e o espanhol Federico García Lorca. “E que não se cobre dele lucidez, medalha de comportamento. Era o Miranda.
Cumpriu seu ofício de poeta, incendiou seus dias, Deus e o Diabo na terra do minuano não conseguiram derrubar seu chapéu nem domar sua poesia”, disse Coronel. Da Casa do Poeta Rio-Grandense marcaram presença a presidente Marinês Bonacina e o vice-presidente Jorge Peixoto. Ambos acompanharam os últimos dias do poeta. “Quando a gente ia ao hospital visita-lo, parecia que ele estava entendendo e assentindo com o que falávamos”, destaca Marinês, lembrando que quando assumiu a presidência da Casa, Miranda foi eleito o Príncipe dos Poetas do Rio Grande do Sul, em 2018.
Os parentes mais próximos de Miranda, o primo Paulo César Fanti de Miranda, 69 anos, e a esposa Glaucia Regina Blanco de Miranda, 65 anos, estavam muito tristes mas agradecidos ao secretário municipal de Cultura, Gunter Axt, pelo apoio no velório e cremação, bem como ao Instituto de Cultura da PUCRS, na pessoa do diretor Ricardo Barberena.
“Estamos vendo com o professor Ricardo (Barberena) de doar algum outro material do Miranda para o Delfos, da PUCRS, que já tem um acervo bem considerável do poeta”, destacou o primo Paulo César de Miranda, que mora em Nova Hartz. Estavam presentes também os filhos de Paulo e Glaucia, Ludmila e Frederico, além do irmão de Paulo, Carlos de Miranda, de 55 anos. Paulo também lembrou do apoio de amigos como o José Eduardo Degrazia, Juremir Machado da Silva e Sérgio Faraco nos momentos de dificuldades financeiras de Miranda.
O velório e cremação tiveram o apoio da Associação das Empresas Funerárias de Porto Alegre. Outras presenças a se destacar foram dos músicos João de Almeida Neto e Fausto Prado, o escritor Élvio Vargas, entre outros amigos e fãs da obra do poeta que em 1997 recebeu o título de “Cidadão de Porto Alegre.