A proporção de domicílios em que os moradores realizaram ao menos uma viagem caiu de 21,8%, em 2019, para 13,9% em 2020, caindo para 12,7% no ano passado. Mesmo com a pandemia de Covid-19, a falta de dinheiro continua sendo o motivo mais apontado pelos entrevistados para não ter viajado. Os dados são da PNAD Contínua Turismo 2020-2021, divulgada nesta quarta-feira, 6, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com o Ministério do Turismo e feita desde 2019. Em 2019, foram realizados 20,9 milhões de viagens e, em 2021, 12,3 milhões.
Em 2020, 33,3% alegaram falta de dinheiro (em 2021, esse percentual caiu para 30,5%), 19,2% disseram não ter necessidade (20,8% em 2021) e para 9,6% faltou tempo (8,3% em 2021). “As viagens caíram 41% entre 2019 e 2021 e essa queda atingiu todas as classes de rendimento. O ano de 2021 foi ainda pior para o turismo que o de 2020”, aponta a analista da pesquisa, Flávia Vinhaes.
Ela ressalta que, embora a falta de dinheiro ainda seja o motivo de não viajar mais apontado pelos entrevistados, a participação dessa resposta caiu, chegando a 30,5% em 2021, enquanto 20,9% escolheram a opção Outro. Essa categoria inclui os motivos relacionados à pandemia, como a impossibilidade de pegar voo, necessidade de isolamento social ou infeção pelo vírus no período. Em 2019, em quase metade (49,2%) dos domicílios cujos moradores não viajaram, o motivo para a ausência de viagem foi a falta de dinheiro.
FALTA DE DINHEIRO
Essa escassez de recursos como motivo para não viajar cai à medida que os rendimentos domiciliares per capita crescem. Entre aquelas pessoas que ganham até meio salário mínimo, não ter dinheiro foi apontado por 44,4% em 2021. No ano anterior, esse percentual era ainda maior: 47,9%. Entre os que têm rendimento de quatro salários mínimos ou mais, a falta de dinheiro aparece na penúltima posição entre os motivos alegados para a não realização de viagem, atrás apenas de problemas de saúde, que foram citados por 2,8% dos entrevistados desse grupo. Em 2021, o motivo mais apontado pelas pessoas dessa classe de rendimento foi Outro, com 44,8%, seguido pela falta de necessidade (15,0%).
“A categoria Outro ganhou relevância com as questões relacionadas à pandemia. Os domicílios com rendimentos mais elevados mostraram maior preocupação com a crise sanitária ser um impeditivo para a realização de viagens. Se observarmos em 2019, o principal motivo de não viagem desse grupo era a falta de tempo”, diz Flávia. Em 2021, a falta de tempo foi citada por 12,7% dos moradores de domicílios com maiores rendimentos e por 8,3% do total de entrevistados.
Em cerca de um terço (33,1%) dos domicílios com renda per capita de quatro ou mais salários mínimos, algum morador viajou em 2021. Já entre aqueles com renda per capita abaixo de meio salário mínimo, esse percentual foi de 7,7% no mesmo ano. Em 86,2% dos 62,4 milhões de lares cujos moradores não fizeram nenhuma viagem, a renda era inferior a dois salários mínimos.
A analista da pesquisa observa que em 2021 houve um aumento no contingente de domicílios com rendimento menor que um salário mínimo, chegando a 43,3 milhões. Em 2019, eram 40,7 milhões de domicílios com essa faixa de rendimento.