Nova presidente da Caixa considera “inaceitável” violência contra mulher

Em 1º de julho, Daniella Marques assumiu o comando do banco após Pedro Guimarães renunciar ao posto acusado de assédio

Foto: Marcello Casall Jr / Agência Brasil / Divulgação

A nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, afirmou, na primeira entrevista desde que tomou posse no cargo, que é inaceitável que haja violência contra a mulher e que o banco vai ser a “mãe da causa das mulheres”.

“Metade das mulheres do Brasil são vítimas de assédio no trabalho. A Caixa, que sempre foi o banco de todos os brasileiros, daqui para a frente, e eu tenho a aprovação de todos os órgãos internos para isso, vai ser a mãe da causa das mulheres. Vamos abraçar a causa em todas as dimensões. Não é aceitável que haja violência contra a mulher”, disse Daniella ao Domingo Especular, da Record TV, nesse domingo.

Daniella assumiu o comando da Caixa após Pedro Guimarães renunciar ao posto em meio às investigações de assédio sexual e moral. O caso é analisado pelo Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União e Ministério Público do Trabalho.

A nova presidente se reuniu com o alto comando da Caixa no mesmo dia que tomou posse, na última sexta-feira, e recebeu o aval para que as apurações sejam feitas com rigor e independência e, paralelamente, para que possa proteger a imagem da instituição centenária.

“Me reuni com alto comando da Caixa, onde definimos um plano de ação. Primeiro passo foi afastamento de outras pessoas que estão envolvidas nas apurações, porque precisamos proteger a imagem da instituição”, disse. “E asseguro que tudo será feito com independência, rigor e com seriedade, e, se realmente for comprovado, todas as punições cabíveis serão feitas”, completou.

A ex-secretária especial do Ministério da Economia Daniella Marques assinou na sexta-feira o termo de posse como nova presidente da Caixa.

Braço direito do ministro Paulo Guedes, Daniella Marques era secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia. Formada em administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e com MBA em finanças pelo IBMEC, ela atuou por 20 anos no mercado financeiro, na área de gestão independente de fundos de investimento.

Em 2019, era chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos de Guedes e, em fevereiro deste ano, assumiu a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade, em substituição a Carlos da Costa.

Demissão de Pedro Guimarães

O economista Pedro Guimarães pediu demissão da presidência da Caixa na última quarta, após denúncias de assédio sexual. De acordo com fontes ouvidas pelo R7 no MPF, as diligências ocorrem sob sigilo na Procuradoria da República no Distrito Federal, já que Guimarães não conta com foro privilegiado. Segundo as denúncias, os assédios ocorreram durante viagens para tratar de projetos da Caixa.

Reportagem do R7 mostrou ainda que Guimarães recebeu R$ 3.134.374,62 milhões à frente da empresa ao longo da gestão. Como ele ficou cerca de 41 meses na presidência da estatal, recebeu, só do banco, uma média de R$ 76.448,16 mil por mês.

No exercício 2019/2020, Guimarães recebeu R$ 926.790,51 — o salário é composto por remuneração fixa, remuneração variável e benefícios, como auxílio-alimentação, auxílio-moradia, férias, previdência complementar e plano de saúde. Em 2020/2021, o ex-presidente recebeu R$ 765.822,83. No exercício de 2021/2022, o valor ganho por Guimarães chegou a R$ 1.441.761,28 — o que representa um aumento de 53% comparado ao anterior.

Pedro Guimarães participou de 21 conselhos, simultaneamente

O ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães era membro de pelo menos 21 conselhos de administração de empresas ligadas à estatal em 2021. Com isso, no fim do mês, o salário dele, em razão das remunerações, tinha potencial de saltar de R$ 56 mil para mais de R$ 230 mil, como mostraram dados obtidos pelo R7 relativos a julho de 2021, quando Guimarães recebeu R$ 230.940.