O Brasil terminou o ano passado com 47,3 milhões de brasileiros na pobreza. Do total da população que caiu na pobreza, o contingente no Sul aumentou em 400 mil, fazendo com que os mais pobres passassem a representar 10% do total da população nesta parte do país, terminando ano com 3 milhões de pessoas na pobreza.
Os dados fazem parte do levantamento feito pelo Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (Imds) tomando como base a renda das famílias brasileiras, e atinge 22,3% do total da população brasileira, o maior percentual em dez anos.
O total de brasileiros ganhou quase 11 milhões a mais em 2021, o que equivale ao número de residentes em uma cidade como São Paulo. No mesmo período, mais da metade dos que perderam renda caiu na extrema pobreza, o equivalente a 6,3 milhões. Com isso, o ano terminou com 20 milhões de brasileiros nessa condição.
O relatório destaca ainda que a pobreza infantil comprometia, no final do ano passado, o futuro de 19 milhões de crianças e adolescentes, o equivalente a 35,6% do total desse segmento da população. Outro segmento social que sofreu foi a população negra. A parcela da população que mais sofreu é negra —73% do total— e se concentrava em regiões e estados mais pobres.
É o caso, por exemplo, das regiões metropolitanas. De 2016 a 2020, a parcela de pobres oscilou entre 15% e 16% do total da população. Em 2020, quando as maiores cidades viveram o lockdown, a taxa ficou em 15,5%. No ano passado, no entanto, subiu para quase 20%, com 3,8 milhões de habitantes dessas áreas urbanas caindo na pobreza.
O relatório tem como base a renda per capita familiar (por pessoa) apurada a partir das séries da Pnad do IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O levantamento foi iniciado em 2012.
Os levantamentos regionais e para estados consideram os efeitos sobre o rendimento do custo de cestas básicas de consumo local. Os critérios foram desenvolvidos por IBGE, Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Seus valores são atualizados pela INPC, índice de inflação que afeta mais a baixa renda. A linha de corte para pobreza é a mesma adotada pelo Banco Mundial, viver com renda diária no valor de US$ 1,9, cerca de R$ 10, ou menos que isso.