O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro negociou a venda de um carro ao pastor Arilton Moura meses depois de ter acionado a Controladoria-Geral da União (CGU) para denunciar a existência de um esquema fraudulento no Ministério da Educação (MEC) que supostamente teve a participação do religioso.
Em março, quando surgiram as primeiras denúncias de que Arilton e o também pastor Gilmar Santos vinham articulando a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a municípios em troca de propina, Ribeiro afirmou que havia pedido em agosto de 2021 uma investigação formal à CGU sobre as suspeitas de tráfico de influência em prol dos religiosos, ambos sem cargo público.
No entanto, em fevereiro deste ano, seis meses após recorrer à CGU, o ex-ministro conversou com o pastor para vender um carro à família de Arilton. De acordo com investigação da Polícia Federal, a filha do pastor, Victoria Camacy Amorim, comprou o automóvel da esposa de Ribeiro, Myrian Pinheiro. Em pagamento, Arilton transferiu R$ 60 mil ao ex-ministro.
A defesa do pastor não deu mais detalhes sobre o episódio e disse que “se manifestará apenas nos autos”. Já o advogado de Ribeiro, Daniel Leon Bialski, comentou que se tratou de um negócio “legítimo, lícito, documentado, tudo em ordem”.
Ribeiro e Arilton são investigados pelos crimes de corrupção ativa, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa. Um relatório da Polícia Federal apontou a existência de uma organização criminosa dentro do MEC. O Ministério Público Federal avaliou, em parecer, que o ex-ministro dava respaldo ao esquema.