“Não vai nem andar”, opina Mourão sobre eventual CPI da Petrobras

Jair Bolsonaro comanda articulação para que a gestão da estatal seja investigada pelos parlamentares no Congresso Nacional

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Após o presidente Jair Bolsonaro articular a abertura de uma CPI para apurar supostas irregularidades na Petrobras, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, nesta segunda-feira, que uma eventual investigação contra a estatal “não vai nem andar”. “Não tem nem tempo. Nós estamos aí andando já em fase quase eleitoral, né? Vamos falar assim: mais um mês e meio inicia a campanha eleitoral, então acho difícil que uma CPI vá andar nesse momento”, disse Mourão.

A articulação para que a estatal seja alvo de uma investigação feita por congressistas é comandada por Jair Bolsonaro. “Eu conversei agora, há poucos minutos, com o Arthur Lira [presidente da Câmara dos Deputados]. Ele está nesse momento reunido com líderes partidários, e a ideia nossa é propor uma CPI para investigar o presidente da Petrobras, os seus diretores e também o conselho administrativo e fiscal”, disse o presidente, na sexta-feira.

“Porque nós queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles. Porque é inconcebível se conceder um reajuste com o combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo”, prosseguiu Bolsonaro.

No mesmo dia, a estatal anunciou um reajuste do preço da gasolina e do diesel para as distribuidoras a partir de sábado. Com a atualização, o preço médio de venda da gasolina passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro – alta de 5,2%. Já o valor do diesel subiu 14,3%, passando de R$ 4,91 para R$ 5,61 o litro.

Com a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço para os motoristas passou de R$ 2,81, em média, para R$ 2,96 a cada litro vendido nos postos. É o primeiro reajuste do combustível em 99 dias.

Em artigo divulgado recentemente, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o então presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, era “ilegítimo”. Questionado pela declaração do parlamentar, que vem fazendo pressão na estatal diante da alta dos preços dos combustíveis no país, e chegou a pedir a renúncia do químico, Mourão comentou: “Isso aí tem que ser votado no Conselho de Administração né? Então não é desse jeito né? Isso tudo é opiniões né? Que hoje é um tumulto de opinião geral”, completou.

Dança das cadeiras no comando da estatal
Mais cedo, a Petrobras anunciou Fernando Borges como presidente interino da estatal. Ele sucede José Mauro Ferreira Coelho, que pediu demissão do cargo. Borges, que era diretor-executivo de Exploração e Produção, teve o nome escolhido pelo Conselho de Administração, em decorrência da vacância na presidência da companhia.

De acordo com a Petrobras, Borges, que é funcionário de carreira, fica no posto até a eleição e a posse de novo presidente da estatal. O governo indicou o secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Mário Paes de Andrade, para o cargo. A transição, porém, pode durar até dois meses em razão de regras internas da estatal.