Após coletiva de imprensa, realizada nesta segunda-feira, na qual confirmou ser pré-candidato ao Palácio Piratini, o ex-governador Eduardo Leite (PSB) afirmou que a decisão não feriu os princípios que defende, uma vez que não vai concorrer ao posto fazendo uso da máquina pública.
“Se há uma mudança de posição sobre a reeleição, por eu ter ouvido outras vozes além da minha. Ela só se dá por que meus princípios estão resguardados. Eu não concorrerei ocupando o cargo, eu não concorrerei utilizando a máquina pública, eu não concorrerei sendo um governador que divide sua atenção sobre o governo e a sua candidatura. Serei um candidato, para que a população tome a sua decisão sobre o caminho que fizemos até aqui e sobre o caminho que devemos seguir”, disse. Com o anúncio, o tucano é o 13° terceiro pré-candidato na corrida ao Palácio Piratini.
Sobre possíveis apoios e coligações, o ex-chefe do Executivo destacou que segue dialogando com diversas siglas, citando o MDB, PSD e o União Brasil. Contudo, Leite salientou que as tratativas não são condicionadas a promessas.
“Tanto para dentro do partido quanto para outros partidos nunca foi uma negociação que condiciona posições, cargos, divide governo… nada disso. Sempre foi buscando a convergência no projeto, no sentimento que possa nos unir na nossa visão da política, além de compartilhar estratégia de futuro e propósito”, explicou.
Durante a coletiva, as conversas com MDB tiveram um capítulo à parte. Ele relembrou momentos em que os partidos compuseram a mesma chapa ou apoiaram um ao outro.
“Estive apoiando as medidas do governador Sartori, importantes para o governo naquele momento. O PSDB foi vice do MDB de Antônio Brito, Germano Rigotto e apoiou também a reeleição de Antônio Brito sem compor a chapa majoritária. Nós estivemos juntos todas as vezes que governamos, e estivemos juntos em todas as eleições, com exceção da última, em que a população decidiu levar para o segundo turno os dois projetos”, ressaltou.
Na semana passada, no âmbito nacional, o PSDB decidiu apoiar a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) à presidência da República. Esse sinalização, inclusive, é o trunfo do núcleo gaúcho para que os emedebistas possam decidir por apoiar Leite ao Piratini.
Contudo, há, ainda, indefinição sobre o posicionamento do partido, que vive um dilema interno, já que há dois nomes como postulantes a concorrer ao governo – o deputado estadual Gabriel Souza e o ex-secretário estadual de Segurança Pública, Cezar Schirmer -, situação que pode ser um entrave nas negociações.
Ao ser questionado sobre o atual governador do Estado, Ranolfo Vieira Junior, que não vai poder concorrer a nenhum cargo nesta eleições por conta da legislação eleitoral, Leite destacou que ambos dividem um mesmo ideal, na qual um projeto está à frente de um interesse pessoal.
“As palavras dele, acho que deixaram bem claro, que ele faz política como eu, acreditando no propósito, na missão, mais do que a aspiração de um cargo ou de uma carreira política. Eu não tenho preocupação em uma carreira política. Sempre quando me dizem que eu tenho tantos anos, vou ser isso ou aquilo, eu recebo com total descrença, não levo a sério, pois sei que a política envolve também um pouco de destino”, pontuou o ex-governador, que aproveitou para elogiar Ranolfo pela sua trajetória política e como servidor do Estado, pela função, principalmente, de delegado e ex-chefe da Polícia Civil gaúcha.
Leite também mencionou o ex-governador de São Paulo, João Doria, que venceu as prévias do PSDB para ser o nome do partido na corrida presidencial, mas que há três semanas acabou desistindo e, na manhã desta segunda-feira. Sobre a decisão, o ex-governador gaúcho afirmou que acredita que ela tenha sido tomada, explicitamente, de forma pessoal.
“Acho que o legado é extremamente positivo nos espaços em que governou, e também para o Brasil como um todo, pois São Paulo têm uma liderança muito clara em relação ao país, pela população e tamanho da economia. Além disso, ele deu especial contribuição durante a pandemia”, disse.
Por fim, Leite falou sobre a polarização, na disputa entre Lula e Bolsonaro à presidência da República. Ao ser questionado sobre alguma preferência, o ex-governador gaúcho afirmou não ter nenhuma entre esses dois nomes.
“O que eu quero é uma alternativa. E eu confio em uma possibilidade de nós viabilizarmos uma alternativa para o Brasil. Nós não queremos o retorno a um plano, um programa econômico que gerou milhões de desempregados e com escândalos de corrupção sob o PT. Mas não me resigno e me satisfaço com que aí está, com ataques as instituições, com a inflação em alta, o desemprego em alta, ataques aos entes subnacionais… tudo isso também não é admissível”, ressaltou.
Processo
Eduardo Leite renunciou ao cargo no fm de março. Na ocasião, o então chefe do Executivo estadual afirmou que a intenção era caminho para liderar um projeto no âmbito nacional.
Com a insistência de João Doria em não desistir da candidatura a presidência, após vitória sobre Leite na disputa interna, os planos do ex-governador gaúcho acabaram mudando.
Questionado sobre o projeto nacional não ter ganhado sequência, Leite respondeu que os “os tempos e movimentos na política são diferentes do que qualquer projeto ou aspiração pessoal possa colocar”. Já em relação a uma aspiração nacional em 2026, o tucano não respondeu.