Representantes de administradores de hospitais filantrópicos, beneficentes e santas casas do Rio Grande do Sul foram recebidos, nesta terça-feira, em reuniões nas sedes do Ministério Público estadual e da Assembleia Legislativa. O objetivo era pedir apoio aos dois órgãos diante do impasse que envolve a nova tabela de remunerações do plano de saúde pelo uso de medicamentos, cujo reajuste desagradou as casas de saúde. Em protesto, 40 hospitais chegaram a anunciar a suspensão do atendimento eletivo (sem urgência) aos milhares de segurados do IPE Saúde.
Depois de mais de duas horas de debate, conduzido pelo procurador-geral de Justiça, os gestores hospitalares aceitaram a proposta do MP de consultar os demais sobre a possibilidade de desistir da suspensão anunciada até uma reunião agendada com o governador Ranolfo Vieira Júnior, na manhã de sexta-feira.
De acordo com Dornelles, a intenção do Ministério Público é “que o IPE tenha uma gestão adequada, correta e transparente, e ao mesmo tempo mantenha o atendimento e cumpra seus compromissos com os fornecedores”.
O presidente da Assembleia, deputado Valdeci Oliveira, também recebeu o grupo. Dirigentes da Federação dos Hospitais e estabelecimentos de Saúde do RS (Fehosul) relataram que as ações desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho formado por representantes da entidade e do IPE Saúde não encontraram soluções técnicas capazes de viabilizar os atendimentos prestados à autarquia. De acordo com os hospitais, os reajustes anunciados pelo Instituto não cobrem as perdas que o setor vem sofrendo, e o aporte previsto pelo governo corresponde a pouco mais de 10% da dívida do Executivo com as casas de saúde.
De acordo com o presidente da Fehosul, Cláudio José Allgayer, as unidades, apesar de estarem sem reajuste em valores de diárias e taxas desde 2010, seguiram atendendo a população por conta do diálogo que vinha sendo mantido. O dirigente explica, porém, que a atual gestão do Instituto tentou “ludibriar” os hospitais, sugerindo inclusive uma redução de 25% dos atendimentos aos segurados como forma de minimizar um prejuízo que já existe.
“Temos defendido que o IPE tenha uma política de estado e não de governo, que seus gestores não sejam trocados a cada administração”, defendeu Valdeci, que assim como o MP, se dispôs a intermediar uma solução.
Já o governo do Estado confirmou, em comunicado, que a reunião no Palácio Piratini começa às 10h de sexta-feira, com o objetivo de “avançar na discussão sobre a viabilidade econômica-financeira do IPE Saúde”. O governo disse, ainda, que espera que os atendimentos aos beneficiários sigam ocorrendo normalmente até lá.
Na nota, o governo sustenta que a nova tabela de medicamentos, foco da contestação dos hospitais, é “condizente com as práticas de mercado”, com valores semelhantes aos praticados por outras operadoras de saúde. O IPE lembra, ainda, que a adoção de uma tabela própria ocorreu em função da constatação do próprio Ministério Público estadual de que o Instituto vinha pagando mais por determinados itens.
O IPE acrescenta que essa e outras medidas, já em andamento, são necessárias para o reequilíbrio financeiro do instituto, que busca ações com foco na qualificação do usuário e na redução do montante devido aos prestadores.