Obras da Copa em Porto Alegre devem ficar prontas perto da final no Catar

Quase oito anos após evento que teve capital como uma das sedes, trabalhos ainda prosseguem

Obras seguem na avenida Tronco, zona Sul de Porto Alegre. Foto: Matheus Piccini/CP

A final da Copa do Mundo de 2022 ocorre em 18 de dezembro, no Catar. Até lá, na projeção da prefeitura, Porto Alegre pretende finalmente terminar as obras de outra Copa, a de 2014. Quase oito anos depois do evento esportivo que teve a capital como uma das sedes, a ampliação da avenida Severo Dullius, a duplicação da Avenida Tronco e o trecho 2 das melhorias na rua Voluntários da Pátria, da altura da Ramiro Barcelos até a avenida Sertório, seguem pendentes. A última nem mesmo começou.

Na manhã desta quarta-feira, o prefeito em exercício Idenir Cecchim e o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores vistoriaram uma dessas obras, a da avenida Severo Dullius, no ponto de intersecção com a rua Dona Alzira, no bairro Sarandi. Segundo o poder público municipal, os trabalhos atingiram 85% de execução. “A complexidade de engenharia e a questão fundiária, com as remoções, acabaram atrasando bastante essa obra. Não existem mais complicadores e adversidades. Agora é trabalho”, garantiu Flores.

Cecchim reforçou que a luta por essa ampliação vem de antes ainda da Copa no Brasil. Ele lembra que, como representante da associação comercial da região já havia essa demanda 30 anos atrás. “Essa obra vai tirar 30% ou mais do movimento da Sertório, que está com o trânsito saturado. É importante para o transporte, para as pessoas e para a cidade”, garantiu o prefeito em exercício. A via é um dos acessos ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, mas pode se tornar também um ponto de instalação de empresas de logística, pela posição estratégica, na visão de Cecchim.

No momento, ocorrem os serviços de terraplenagem, aterro, reforço com rachão, drenagem e limpeza da região do Arroio Areia, além do avanço na construção da ponte sobre o arroio Passo da Mangueira. Depois disso, a fase final compreende a readequação das pontes, a sinalização e a implantação da iluminação pública. O investimento para a ampliação em dois quilômetros de extensão é de R$ 77,9 milhões.

Obras seguem na Tronco
Os trabalhos seguem também na zona Sul, na avenida Tronco. A obra é dividida em dois lotes. O dos trechos 1 e 2 está 60% concluído, enquanto o dos trechos 3 e 4 já atinge 72% de conclusão. Conforme o secretário André Flores, a projeção é que essa obra também esteja pronta ou muito próxima disso no fim do ano. O financiamento para a duplicação chega a R$ 133,6 milhões.

“Lá [a obra] era muito mais complexa com a questão das remoções. Eram 1,5 mil famílias. Houve judicialização e com o passar do tempo os preços de contrato se modificaram, precisando ser feitas algumas alterações”, explica Flores. Ele frisa que a conclusão dessas obras, além de um avanço para a mobilidade urbana, também é positivo “por essa questão, até psicológica, de terminar as obras da Copa”.

Voluntários muda de escopo
O trecho 2 da rua Voluntário da Pátria, onde as obras nem chegaram a começar, é um caso à parte. O projeto vai deixar de ser uma “obra da Copa”, entrando no escopo do chamado “Centro Expandido”, que contempla melhorias também no Centro Histórico, na Orla do Guaíba e no 4º Distrito. O titular da Secretaria de Obras reforça que, no projeto inicial, que data de 2008, a via era somente uma ligação entre a avenida Sertório e a rodoviária.

“Hoje não, o cenário é outro. Temos uma região sendo planejada com atrativos de índice e que demanda uma outra mobilidade”, ressalta Flores, citando o planejamento para a região do 4º Distrito. O secretário esclarece que há necessidade de mais estudos para que a obra da Voluntários contemple premissas desse projeto.

Porto Alegre conta com investimentos do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) para o programa Centro+. Somado com recursos próprios, os valores liberados em dezembro do ano passado atingem US$ 152 milhões. “Pretendemos incluir (a Voluntários) para que seja melhor traçado o projeto neste contexto. Não podemos fazer obra olhando para o passado e sim para o futuro”, frisa Flores.