A greve dos servidores do Banco Central não tem data para acabar. Depois de mais um fracasso nas negociações com a diretoria da autarquia, o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal), Fábio Faiad, confirmou que a continuidade do movimento foi aprovada com 80% dos votos, em assembleia com 1,3 mil servidores da instituição, de um total de 3,5 mil que estão na ativa.
Os servidores estão em greve desde o dia 1º de abril, reivindicando uma recomposição salarial de 26,3% e reestruturação de carreira, como a mudança do nome do cargo de analista e exigência de ensino superior para concurso para técnico.
Conforme dados da Associação Nacional de Analistas do Banco Central (ANBCB), 78% dos servidores do Departamento de Operações Bancárias e de Sistemas de Pagamentos (Deban) estão em greve (57 de 73) e 61% (20 de 33) dos titulares de função comissionada solicitaram dispensa do cargo.
Além disso, todos os 24 servidores da divisão de monitoramento e gestão dos sistemas de transferência de fundos do BC (Gemon) estão paralisados, inclusive o chefe de subunidade. De maneira geral, a greve já atrasa a divulgação de diversos indicadores e relatórios da autarquia.
Uma das consequências é o atraso para implantação do Real Digital, que tinha previsão de começar no quarto trimestre de 2022. Quando estiver em vigor, a moeda será emitida pela própria instituição monetária, com previsão de uso em pagamentos de varejo.
Ao lançar as bases do projeto no ano passado, o Banco Central anunciou que a moeda funcionará como uma extensão do Real, sendo distribuída por bancos e fintechs e não podendo ser usada para aplicações ou empréstimos.