A mudança da bandeira escassez hídrica para a bandeira verde na conta de luz a partir do próximo dia 16 trará outro benefício além da redução do valor. Conforme técnicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a mudança vai contribuir para segurar a inflação oficial do país medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 0,30 ponto percentual ainda abril. Para o ministro da Economia, Paulo Guedes “a conta de luz cai 18% no mês que vem, sem canetada, sem botar em risco as empresas, ao contrário”.
Conforme o coordenador de índices de preços do Ibre/FGV, André Braz, a tarifa de energia elétrica deverá diminuir 6,35% na leitura de abril do indicador calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A projeção é que a taxa de inflação de abril encerre o mês em torno de 1%.
A medida, conforme Braz, ainda vai representar uma redução do IPCA anual em 2022 em torno de -0,60 ponto percentual, pois metade da queda será absorvida pelo índice em abril e a outra metade apenas em maio. Ele calcula que o IPCA-15 de maio já sofra o impacto cheio dessa mudança na bandeira tarifária, com queda de 14,6% na energia elétrica e contribuição negativa de 0,7 ponto percentual.
“Os números não são idênticos porque o IPCA-15 tem cinco cidades a menos que o IPCA em sua composição”, justificou o coordenador do Ibre/FGV. Mas essa mudança, segundo Braz, não altera sua projeção de alta de 7% na inflação de 2022.
“O que tem animado revisões nas previsões é o câmbio. O dólar não deve terminar o ano neste patamar de R$ 4,75, mas deve ficar mais baixo do que já esteve antes, em torno de R$ 5,00, em vez de R$ 5,10 ou R$ 5,20. Isso tem impacto sobre preços de alimentos, de bens duráveis”, completou o coordenador de índices de preços do Ibre/FGV.