Em tom crítico e com o uso de palavrões, o presidente Jair Bolsonaro exaltou obras e políticos da época da ditadura militar (1964-1985) no Brasil, saiu em defesa do deputado federal Daniel Silveira (União Brasil-RJ) e criticou mais uma vez ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante cerimônia realizada no Palácio do Planalto, Bolsonaro discursou sobre a ditadura militar. “Quem esteve no governo, naquela época, fez a sua parte. O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Não seria nada, seríamos uma republiqueta”, disse.
O chefe do Executivo afirmou que a composição ministerial do atual governo é similar à do período militar. “E o Brasil resistiu. Obras fantásticas, desbravamento do Centro-Oeste. O que seria do nosso maior território sem Emílio Garrastazu Médici? Brasileiros fantásticos à frente desses projetos. Também a composição dos ministérios era muito parecida com o meu. Não tinha uma negociação política exacerbada”, comparou.
Bolsonaro voltou a criticar ministros da Suprema Corte. “Deste governo vocês nunca ouviram uma palavra de censurar, de controle social, de desmonetizar páginas de pessoas que pensam diferente do presidente. Temos inimigos, sim. São poucos os inimigos nossos no Brasil. Poucos e habitam essa região dos Três Poderes. Esses poucos podem muito, mas não podem tudo”, destacou.
“E nós aqui temos tudo para sermos uma grande nação, para sermos exemplo. O que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cala a boca, bota a tua toga, e fica aí, sem encher o saco dos outros. Como atrapalham o Brasil”, completou.
O presidente também enviou recados ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, presente no evento. “E mesmo com as críticas, que muitas vezes o general (Augusto) Heleno (chefe do Gabinete de Segurança Institucional), que já perdeu a paciência, vem para cima de mim e diz para se segurar… eu tenho que estar no meio do povo. Inclusive, Queiroga, sem máscara. O problema é meu, a vida é minha. ‘Olha, não tomou vacina’. Pô, tem gente que quer que eu morra e enche o saco para eu tomar vacina. Deixa eu morrer”, finalizou.
Daniel Silveira
Bolsonaro também saiu em defesa do deputado federal Daniel Silveira (União Brasil –RJ), alvo de determinação dada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, para ir à Polícia Federal, às 15h desta quinta-feira, para colocar a tornozeleira eletrônica. O parlamentar, aliado do presidente, participou da cerimônia.
“Não pode ter ao seu lado conselheiros que digam o tempo todo para ter calma, para esperar o momento oportuno. Calma é o cacete, pô! Eu estou aqui por ser voluntário, tenho que fazer trabalhos difíceis. É muito fácil falar ‘Daniel Silveira, cuida da tua vida’. Não vou falar isso, fui deputado por 28 anos”, argumentou.
“E lá dentro daquela Casa, com todos seus possíveis defeitos e muitos parlamentares, é a essência da democracia também. Ali, em 2001, brigamos por uma emenda parlamentar, onde se botou no artigo 53 o termo ‘quaisquer’. O que é quaisquer? Quaisquer é quaisquer. Deputados e senadores, civil e penalmente, são inimputáveis por quaisquer palavras, opiniões e votos”, acrescentou.
As declarações foram feitas durante evento que marcou a saída de nove ministros do governo, que vão disputar cargos nas eleições de outubro deste ano, e a posse dos novos titulares.