Não bastasse a preocupante inflação, os argentinos agora têm outra preocupação. É que a Argentina corre o risco de não ter gás neste inverno para aquecer suas casas, além de manter a produção de sua indústria, em meio às medidas adotadas pelo governo de congelamento de preços de produtos básicos.
Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) apontam que em janeiro a atividade econômica caiu 0,5% em relação ao último mês de 2021. A atividade econômica da Argentina no primeiro mês do ano cresceu 5,4% em relação ao mesmo mês de 2021.
Conforme analistas, a estratégia adotada pelo governo de fechar contratos antecipadamente para compra de gás natural foi equivocada. O objetivo do governo era obter preços melhores após o fim do inverno e a redução da demanda por gás na Europa.
Entretanto, a invasão da Rússia à Ucrânia, fez o preço do gás e da energia dispararem no mercado mundial. Como a Argentina pagou no ano passado entre US$ 5 e US$ 10 pelo milhão de BTUs — a unidade de medida padrão para a commodity —, a cotação internacional chegou a US$ 50, embora depois tenha recuado para os US$ 35.
Com isso, mergulhado em uma inflação que dispara a cada mês, associado à dívida externa, o governo terá de gastar de 3 a 4 vezes mais para importar o gás necessário para suprir a demanda da indústria, imaginando que o conflito na Ucrânia não se prolongue por muito tempo. Essa conta representaria um gasto adicional de US$ 4 bilhões para o governo, além de elevar os custos da indústria — inclusive de derivados de soja, milho e trigo — que estão com preços controlados pelo governo desde sexta-feira (25), como parte de um esforço de combate à inflação.