O projeto “Diagnóstico da fertilidade do solo e status nutricional das florestas jovens de acácia-negra”, desenvolvido desde julho de 2021 por pesquisadores do Laboratório de Química Agrícola do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (DDPA/Seapdr), mostra os primeiros resultados, já entregues aos produtores envolvidos. E a ideia é reunir técnicos e demais acacicultores para compartilhar os dados das análises de solo obtidas com o trabalho. “Deve ser em abril ou maio”, acredita o coordenador do projeto e engenheiro florestal da SEAPDR, Jackson Brilhante.
Ele conta que, em sua primeira etapa, a pesquisa demonstrou que muitos acacicultores não fazem a reposição adequada de nutrientes no solo, o que pode comprometer a produção de madeira e casca. “Observamos também que os solos em que produtores manejavam acácia em consórcio com melancia apresentavam uma melhor condição de fertilidade”, explica. “O que resultou em maior crescimento das árvores. Isso acontece porque eles fazem a correção da acidez e dos níveis de fósforo do solo para a melancia, e a acácia-negra se beneficia muito desta condição”, complementa Brilhante.
Segundo o pesquisador, a finalidade do projeto é compreender como está sendo feito o manejo da fertilidade do solo pelos acacicultores em diferentes regiões do Rio Grande do Sul e propor estratégias para melhorar a produtividade de madeira e casca.
Brilhante esclarece que foram coletadas amostras de solo e folhas nas áreas dos produtores pela equipe de pesquisadores da secretaria, pelas empresas florestais e pela Emater/RS-Ascar. “Nessa primeira fase, atingimos 25 municípios do Estado, abrangendo as regiões Metropolitana, Vale do Caí, Serra do Sudeste e Metade Sul”.
Um dos acacicultores que se beneficiam do projeto é Rodrigo Govoni, do município de Butiá. Ele trabalha com acácia-negra consorciada com o plantio de melancia no primeiro ano, para que a floresta se beneficie da adubação que é realizada na melancia e consiga ter uma maior produtividade. “Acho importante seguir esse estudo, pra gente saber o que é melhor pra floresta, pro seu desenvolvimento, que tipo de adubação é melhor”, comenta.
Com o que concorda o engenheiro agrônomo que presta consultoria técnica para Govoni, Leonardo Fortes. Em sua opinião, a pesquisa tem grande importância, em nível regional, para toda a cadeia produtiva de acácia-negra, em especial aos acacicultores. “Porque ela vai possibilitar a identificação das práticas de manejo que vêm sendo realizadas pelos produtores e indicar alguns caminhos. Do que é melhor para a produção, em termos de obter maior produtividade e assim chegar ao objetivo do produtor, que além de obter maior produtividade, é ter uma maior rentabilidade com a atividade”, acredita.
Além disso, segundo Fortes, o estudo vai proporcionar subsídios para os profissionais da área – técnicos, engenheiros agrônomos, consultores – para a recomendação de diferentes cenários com mais segurança. “A gente sempre se baseia em aspectos técnicos, comprovados pela ciência e testados a campo, para fazer as indicações, explica. “E, assim, teremos maior segurança para fazer essas recomendações, além de dar maior segurança para o produtor aplicar essas técnicas e chegar aos seus objetivos”, conclui.
O projeto tem o apoio financeiro do Fundo Estadual de Desenvolvimento Florestal (Fundeflor) e deve continuar até o final deste ano, com mais 100 produtores.
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